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Mostrando postagens de julho, 2022

Túnel do Terror de Adulto

  No meio da década de 1990, surgiu uma tendência de entretenimento meio bizarra. Eram os túneis do terror. Eles eram montados em shoppings e era programa mandatório para os adolescentes. A ideia consistia, basicamente, em gastar dinheiro para tomar susto. A gente entrava em fila indiana, por uma abertura coberta com uma cortina preta e ia andando por um corredor cheio de desvios para não deixar claro onde era a saída. Por esse percurso, havia pessoas fantasiadas de monstros do tipo zumbis, vampiros e bruxas assustando os pagantes. O túnel era todo preto, decorado com teias, esqueletos que caiam do teto e iluminação horripilante, difusa. Dava correria e gritaria. Depois saímos alguns prometendo que nunca mais faríamos isso, o que geralmente era uma mentira, outros dizendo que voltavam no outro dia pra trazer a prima, a amiga porque elas precisavam ter aquela experiência. Os adolescentes daquela época agora são adultos que regulam de idade comigo. Então, amigos dos trinta e muitos e

Seu Abrilino

  Quando eu era criança, minha avó morava em um prédio antigo no centro da cidade. Aliás, durante toda minha vida minha avó sempre morou em prédios antigos no centro da cidade, cheio de moradores tão antigos quanto as edificações. Até os funcionários eram pessoas já avançadas nos anos, isso claro segundo minha memória infantil. Tem um porteiro, em especial, de quem me lembro bem. Era o seu Abrilino. Seu Abrilino tinha umas várias décadas e estava sempre pela portaria cumprindo seu ofício. Devia ter nascido em abril de mil novecentos e guaraná com rolha e por isso foi batizado de Abrilino. Se fosse de setembro provavelmente seria Setembrino, se tivesse vindo ao mundo entre vinte e quatro e vinte cinco de dezembro tinha chances de ser Natalino. Quando eu tinha uns quatro anos e meio toda vez que chegava ou saia da casa da vovó, saudava entre risos Seu Abrilino: Bom dia Seu Fechalino, Boa tarde Seu Fechalino, Tudo bom Seu Fechalino? Me achava a pessoa mais engraçada do universo, d

Que futuro?

  Depois dessa década de popularidade do whatsapp , já deu pra entender de forma geral que a possibilidade de criar grupos é uma ferramenta de m*rda. Com raras e honrosas exceções só serve para deixar claro que as pessoas não tem habilidade de expressão escrita e interpretação de texto. Talvez as gerações que já nasceram nessa era consigam desenvolver a habilidade de lidar com essa tecnologia de forma menos tacanha do que a maioria de nós adultos lidamos. Dá para contar nos dedos os grupos que todos os integrantes entendem perfeitamente o propósito de existência do mesmo e não se excedem, não tocam em assuntos que não pertencem aquele universo, não dizem coisas que possam ofender outros membros, não extrapolam seus piores pensamentos como se isso fosse normal. Grupo de família é pra mandar foto fofa, dar parabéns por aniversário e conquistas pessoais, se fosse para falar de política se chamaria “Grupo da Família para Falar de Política”. Grupo de trabalho é para falar de trabalho

A tal carga mental

 Há alguns finais de semana, enquanto faxinava (que é quando dá), ouvi um diálogo no PodPausar (podcast das minhas queridas Mal - parceira de blog - e Maitê) sobre carga mental e foi libertador. As gurias deram um nome para um dos "bichos" que, há muito, habitam minha cabeça. Ouçam o podcast para não perder o diálogo delas, é libertador. Carga mental, em linhas simples, é tudo aquilo (que, muitas vezes, não faz parte das nossas obrigações) em que a gente tem que ficar pensando que tem que fazer enquanto faz outras coisas mais inadiáveis ou tem um momento de lazer, de qualidade com os filhos, etc. No meu caso, hoje, foi a louça da janta de ontem que, ao contrário do combinado, não tinha ido pelas mãos de outra pessoa para a máquina, as roupas da pequena que não tinham ido do varal para o quarto e minhas unhas que estavam com um maldito (ou bendito) esmalte de gel descascado que precisava cair fora.  A noite com a pequena foi longa, dormi 3,5h, demorei a sair da cama (não cumpr

Sem bobes e vestido floral

  Eu queria entender qual a magia que se apodera das pessoas que gostam de fazer algumas tarefas domésticas. Acho lindo quando alguém diz: gosto de lavar louça ou gosto de arrumar a cama. Simplesmente não compreendo esse ser humano. O problema da tarefa doméstica nem é ela em si, mas sim a repetição. Por mais que você goste de cozinhar, quando precisa cozinhar todo o dia vai ficando meio sacal. Louça, a gente termina de lavar e começa a sujar. Eu depois que lavo a louça tenho vontade de tomar água da bica só pra não sujar copo. Não fosse minha consideração pela fauna marinha juro que usava tudo descartável. Em uma casa com várias pessoas sempre há um alguém que assume mais coisas do lar que os outros. Seja por uma configuração que a família estabeleceu, seja por uma sociedade patriarcal milenar, onde mulheres galgaram muito para chegar aos mercado de trabalho e ainda hoje ganham salários menores que homens, ou muitas vezes são “menos” interessantes para o sistema por ene motivos g

Amados Pedagog@s

  Eu não sei bem como dizer isso, mas preciso ter um papo sério com os pedagog@s. Querid@s, acho que devo começar deixando claro que admiro demais o trabalho de vocês. Honestamente, vocês foram as pessoas que eu mais senti saudade durante a pandemia e o distanciamento social! A maioria das vezes que eu quis chorar nesse período foi devido a falta que vocês me faziam. Ah vocês são incríveis!!! Mas, eu com toda minha humildade materna e respeito, queria dar uma dica. Não dá mais pra mandar dever de casa pedindo pra criança recortar jornal ou revista. Vou fazer uma revelação bombástica: Ninguém mais tem jornal e revista! Cada vez que chega uma tarefa dessas aqui em casa ( o que não é pouco, por que são duas crianças) eu fico me perguntando se devo recortar o celular, o computador ou tablet? Talvez, vocês estejam me achando meio tosca e pensando: Aí porque não imprime uma página qualquer da internet! Eu até já tentei, mas uma criança que recebe uma instrução de uma professora pa