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Mostrando postagens de dezembro, 2021

Avante 2022!

  Chegamos ao último dia de 2021, é um misto de “porra!!!!chegueiatéaqui!” com “putaquepariuoquevemdepois?”. 2021 fez parte do combo 2020/2021. Meu maior medo é que 2022 ainda seja parte desse condensado de anos. Já pensou chegar lá em fevereiro e suspenderem as aulas de novo? Cogito isso e minha mão sua frio, meu coração dispara, quase preciso do saquinho de papelão para respirar dentro. O ano que fica pra trás hoje, começou cheio de esperança. Era um tal de vamos ter vacina pra lá, vamos sair dessa pandemia pra cá, mas no meio do caminho tinha várias pedras, muitas delas em cargos públicos. Embora as pedras públicas tenham tentado a todo custo impedir, a vacina chegou, mas com uma insegurança enorme. Tomava-se a primeira dose sem saber se teria a segunda e quando tomamos a segunda descobrimos que teria uma terceira. Eu pessoalmente se me disserem para tomar 10, 20 doses tomarei todas como se fossem a primeira. A dificuldade tem dessas, nos faz valorizar loucamente quando consegui

Papai Noel: Um consumidor

  Semana passada fui a uma dessas lojas de R$1,99, em que nada custa R$1,99 há muitos anos, com minhas duas filhas. Estava eu me sentindo quase heróica por entrar com duas crianças em um comércio desses às vésperas do Natal. Cada uma das meninas pegou um cestinho para não brigarem, porque o espírito natalino entre duas irmãs, envolve brigar por tudo o tempo todo. Entrei apressada, desviando das pessoas e arrastando as duas pequenas pessoas que estavam sob minha responsabilidade. Paramos na frente de uma gôndola para eu escolher uns enfeites natalinos. Minha filha mais moça se ajoelhou no chão ao meu lado enquanto eu tentava rapidamente pegar o que queríamos. Quando fui colocar no cestinho dela um enfeite olhei e ela estava com uma carinha de “Não acredito!”. A boquinha entreaberta, olhinhos brilhantes e fixos focando em algo atrás de mim, a mãozinha iniciava um lento abano e ela dizia em voz baixinha: - Oi! Quando me virei para trás para ver o que estava acontecendo, me depar

Atos de caridade

  Fim de ano batendo na porta, um monte de gente pensando em fazer uma boa ação e preciso dizer: odeio caridade. Não. Acho que assim pega mal. Fica melhor: tenho certo ranço de caridade. É verdade que é um ranço bem forte, mas vamos lá entrar no clima natalino e não ser tão desagradável dizendo que eu odeio, embora eu enfaticamente não goste. Não é um ranço gratuíto. O que me incomoda nas ações de caridade, e nessa época do ano elas surgem que nem ondas de pandemia, é que me parece que as pessoas que praticam o ato fazem muito mais para aplacar sua própria culpa cristã e o fazer algo por alguém se torna mais pra si do que para o próximo. Acaba sendo algo que nos deixa confortável em perpetuar um sistema econômico falido que explora uma imensa maioria e faz com que os próprios explorados se sintam menos explorados por poderem doar o mínimo dos mínimos para quem não tem nem o mínimo e que sem esse mínimo não tem forças nem se quer para se revoltar pela condição que lhes impõe. Vamo

Lançamento Paralelos Cruzados

  Semana retrasada iniciei o lançamento do meu primeiro romance “Paralelos Cruzados”. Devido a uma pandemia que, pasmem, não acabou e parece tomar contornos de eterna, optei por não fazer um lançamento presencial. Por mais que as coisas estejam mais tranquilas, ainda não me sinto tranquila. Não quero chocar ninguém, mas diz que em muitos países que fazem parte do globo e não da terra plana a água tá batendo na bunda, por causa de novas variantes. Considerando a incerteza sanitária atual estou fazendo um lançamento literário, literal e com distanciamento social. Aviso a pessoa que estou chegando com o livro que ela encomendou, já previamente autografado e faço o “lançamento”, tal qual um quarterback. Isso requer uma certa destreza minha e do leitor, o meu receiver, o que já demonstra um pouco da nossa conexão (e coordenação). Confesso que alguns receivers ganharam rápidos e furtivos abraços. Outros receberam pelo correio e daí cabe ao carteiro lançar ou não o objeto. Outros tive

O esvaziamento do tesão ideológico

  No final de 2018 eu e algumas amigas resolvemos fazer uma camiseta para a virada do ano. Entre muitas frases pensadas, a eleita foi “#euavisei”. Já havíamos passado pelo “ele não” e ele estava ali prestes a ser empossado. Já tínhamos gritado, fascistas não passarão, e eles passaram. Não tinha muito o que dizer para o ano de 2019, além de #euavisei. Algo dentro de mim, possivelmente meu cérebro, me fez usar essa camiseta à exaustão. Eu avisei tanto, mas tanto que ela chega ao final de 2021 rota, furada, gasta, se parecendo bastante com a situação econômica e social do país. Não dá para negar que é a representação de um período histórico brasileiro. Ficou em um estado tão ruim, tal qual o Brasil, que não dá mais para usar na rua. Talvez, desse para dormir com ela, mas isso não faria sentido nenhum. Quem dorme comigo não precisa ser avisado de nada, até porque se precisasse acho que não dormiríamos juntos faz tempo. Pensei em usá-la como pano de chão, mas também não faria sentido.