Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2021

Destino

  No dia 15 de outubro minha mãe completou 77 anos. Sem grandes festejos, pois é pandemia que segue, mas, ainda assim, comemoramos em nossa pequena bolha. Ela nasceu no dia do professor, data nobre para muitos. Dia daqueles que trabalham com a arte de ensinar. Data de “doutrinadores ideológicos” para aqueles que não aprenderam nada. Dia daqueles que “prestam um serviço de educar o filho dos outros” para os que não compreendem nada de sutileza e de arte. Em função do aniversário dela ser em data tão solene, fizemos uma brincadeira e começamos a pesquisar qual era a data especial em cada um dos aniversários dos membros da família. Descobrimos que dia 19 de agosto, aniversário do meu marido, é dia da fotografia. Dia da arte que imortaliza momentos, imagens e faz com que possamos visitar e revisitar tempos e lugares sob o ponto de vista único do fotógrafo. Um bom dia para se aniversariar. Minha filha mais velha nasceu em 30 de janeiro, dia da saudade e da História em Quadrinho. A cara

Martini Real de todos os dias

  Aos 95 anos, a Rainha Elizabeth é proibida por médicos de beber álcool todos os dias. Essa foi a manchete que surgiu pelo algoritmo afora. Me pergunto quem em sã consciência manda alguém de 95 anos parar de beber, ainda que seja todos os dias. Quem tem coragem de dizer “Sua Majestade se quiser viver mais um pouco, deverá diminuir o consumo de álcool”? Eu se fosse a rainha faria como um amigo da minha família que foi ao médico acompanhado da filha e lhe foi dito que deveria parar de fumar, beber e comer uma série de alimentos. Ao saírem do consultório a filha perguntou: “E aí papai? O que você vai fazer?” e ele prontamente respondeu: “Farei mudanças o mais rápido possível, a começar pelo médico”. Dizem que a dita senhora que já passou por uma guerra mundial, uma pandemia e outros tantos desastres sempre combinando roupa, chapéu e sapatinho, bebe todos os dias um dry martini. Há quem diga que na verdade é uma dose de espumante, uma de dry martini e pra finalizar uma dose de licor. O

Pão de ló com merengada

Essa semana foi o Dia da Criança. Por aqui comemoramos bastante. As crianças ganharam presentes, comeram doces, escolheram porcarias para se deliciar, brincaram com os amigos vizinhos, riram, correram, se divertiram. Minha mãe, como em todos os anos, comentou que quando era criança não existia O Dia da Criança. Ela fala com certo desdém, mas acho que é um pouco de recalque disfarçado de quem não tinha toda essa festança quando pequena. Na minha infância tínhamos comemoração dupla: dia das crianças e aniversário da minha avó materna que foi, sem dúvida alguma, importantíssima na minha vida desde que eu nasci (creio que na de todos os netos) e mesmo hoje já tendo falecido há um bom tempo segue viva em muita coisa que faço (e como!). Ainda que tenha sido um feriado bem divertido, fiquei eu cá me perguntando: Deveríamos nós, no Brasil, comemorar o Dia das Crianças? É válido comemorar a data em um país que tira diuturnamente os direitos de se ser criança? Se um dia dissemos que as

Já diria Tom Zé "Tô te explicando pra te confundir, tô te confundindo pra te esclarecer"

  Entre as mais variadas atividades que desenvolvo e me proponho, eu leciono inglês. Comecei por acaso com uma oportunidade e isso já faz mais de dois anos e meio. Uma dúvida comum a todo mundo que começa a aprender inglês do zero é a diferença entre: live (um verbo que significa viver/morar e se pronuncia bem como se escreve), live (que significa ao vivo e se pronuncia laivi), life (que significa vida e a pronúncia é laifi) e alive (que é vivo e a pronúncia é alaivi). Por mais que eu explique isso, num primeiro momento demora pro aluno assimilar, sendo difícil ver a palavra e conseguir distinguir a pronúncia e o significado dentro do contexto de primeira. Essa semana o Mark Zuck er berg, quando tropeçou nos fios lá no Vale do Silício, nos deu uma demonstração prática dessas diferenças. Ele deixou claro que a gente não se sente muito alive , quando não está em uma constante live , independente da onde a gente live , ainda que a nossa life seja teoricamente bem mais que isso. Po

Auto sabotagem

  No bairro onde moro tem um mercadinho, como em muitos bairros. O daqui de perto pertence a Leidiane, apelidada pelos conhecidos de Leide (uma lady abrasileirada). Gosto dali porque é possível comprar 10 cacetinho, 200 gramas de queijo lanche e um ventilador paraguaio sem dificuldades (nem de entendimento, nem de variedades de produtos). O que não tem dá pra encomendar que no máximo em quarenta e oito horas ela resolve. Por exemplo, no verão eu precisava de boinha de braço pra minha filha menor, mandei um wha tsapp perguntando se tinha e ela me respondeu: “Agora não, mas se tu esperar até o final da tarde eu consigo.” Dito e feito final de tarde ela me avisou que podia ir buscar as boinhas. Sempre usei o mercadinho, mas na pandemia ele tomou proporções de um Carrefour na minha vida. Minha filha mais moça quando passa na frente de qualquer mercado diz: “Oh aqui tem outra Leide!” Minha mãe vai passear pelos curtos cinco corredores do estabelecimento como atividade lúdica. Meu marid