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Mostrando postagens de maio, 2022

Apodreceu

  Viver no Brasil, tem me trazido a sensação de acompanhar alguém, por quem tenho estima, em seu leito de morte. A doença se alastrou de tal forma que não vejo possibilidade de melhora, ainda que eu tenha esperança. Por isso dizemos que a esperança é a última a morrer. Em alguns momentos me policio, não quero transparecer o meu desânimo com o quadro para os outros entes queridos do meu amado moribundo. Não quero que eles se contaminem com o meu pessimismo. Logo eu que costumo ser tão otimista pensando assim?! Quase dá vergonha. No entanto, nada mais me choca. Leio que há um plano nefasto de destruição do Estado em execução com endosso dos militares da reserva que se estenderá até 2035. Não me surpreendo. Em outro lugar qualquer leio que a primeira-dama “quer tomar conta do congresso”. E penso "aham". Ouço as infindáveis ameaças às eleições. Interiorizo a informação. Nada mais me faz bradar com ganas. Sinto até saudade de quando me indignava com algum absurdo. Os dispar

Na hora do almoço descobri que tava velha

  Sentamos para almoçar e de supetão veio a pergunta: Mamãe você pode pesquisar e me mostrar as músicas das cantoras Anitta, Ludmilla e Pabllo Vittar? Deu até saudade de quando ela perguntou de onde vinham os bebês. Meu lado careta, quadrado, crítico e pudico queria dizer: Isso não é música para uma guria da tua idade! Meu lado pseudo intelectual chorava: de nada adiantou uma década de Amy Winehouse, Beatles, Ella Fitzgerald, Marisa Monte, Elis Regina, Blitz, Chico, Caetano, Gil, Paula Toller, Rita Lee, Nando Reis e tantos outros. Meu lado mãe, prudente, mais ou menos sensível se sobressaiu e disse: Depois a gente vê isso. Como quem diz: Na volta a gente compra. No dia seguinte, a pergunta voltou. Veja bem, a pergunta por si só já é um pedido de permissão para algo que ela não se sentia pronta ou autorizada para fazer sozinha. Se quisesse, poderia ter pesquisado por conta própria e nem me dito nada. Um belo dia eu chegaria em casa e estaria tocando : Chegueiiiiiii Cheguei c

PodPausar

  Essa que vos escreve, agora tem um podcast. Na verdade não sou eu, somos nós! Eu e minha amiga Maitê temos um podcast em parceria. Ela tinha uma ideia e uma vontade, e eu descobri que tinha uma vontade da ideia dela que eu nem sabia. Queria fazer algo e não tinha noção do quê. Precisava dar vazão a minha voz e essa foi uma baita oportunidade. Começamos construindo um conceito e um formato. Queríamos compartilhar nossos escritos, falar sobre maternidade, sociedade, vida, questionar e trazer várias questões que assolam as mulheres. Isso pensado, precisávamos de um nome para nosso projeto. Fizemos um brainstorm e de repente, caiu da tempestade um Pode Pausar. Super agradou, considerando que nós nos víamos quase sem possibilidade de pausar qualquer coisa no tsunami chamado vida. Quando Maitê foi escrever o nome do podcast ela se deu conta que ele na verdade deveria ser escrito PodPausar, afinal tínhamos um trocadilho ali pedindo licença para entrar. Gravamos o piloto, enviamos para

Até que enfim, cheguei! + Dia das Mães

Faz um tempão que a Mal, criadora e, agora, minha co-autora (neste blog e em tanta coisa na vida), me convidou para contribuir nos cumprimentos à sociedade machista. Obviamente, aceitei de cara, maaaasss (tudo na vida tem um ou vários mas, né?), até este exato momento, tive dificuldade de encarar que escrever aqui tem de ser tratado como prioridade e, não, como o "putz, esta semana, não dá". Escrever é terapia e, em conjunto com a Mal, ainda mais. Então, vamos lá. Ontem, foi dia das mães. É uma data comercial, eu sei, mas sou mãe há quase 19 anos, amo aquela coisa apresentação de escolinha, cartão feito pelas crias, esforço da família pra homenagear o "trabalho invisível" que é ser mãe. Eu tinha combinado com o marido um presente grande (na real, um objeto de que necessito de verdade e que custa caro, então, propus de ganhar do marido num combo "páscoa/diadasmães/diadosnamorados, mas que seria entregue no dia das mães, o mais importante, para mim, do tal combo)

Mãe não é tudo igual

  Antes de termos filhos, listamos mentalmente todas as coisas que queremos fazer diferente do que nossos pais fizeram em relação à educação e criação de seres humanos. Não é nem que achemos que nossos pais tenham sido incompetentes, é mais aquela ideia de que tendo noção do resultado final (você mesmo) dá vontade de tentar uma outra abordagem pra ver se resulta em algo melhor. Um pouco de experiência social, com pitadas de prepotência, um toque de evolução, banhado em autocrítica, servido com espuma de toxicidade materna. Independente do que fizermos, nossos filhos quando crescerem também pensarão o que farão de diferente na criação dos filhos deles. É o ciclo da vida.O engraçado nisso tudo é que há algumas coisas que mesmo não achando assim tão boas, repetimos e há frases que toda mãe diz. Embora pareça, essas frases não são o “lugar-comum” de mães. Elas são, na verdade, uma corrente, tipo aquelas do Orkut, do WhatsApp que não se pode romper. A coisa é tão bem-feita que quando