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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Feliz dez anos para nós!

  Domingo que vem minha filha mais velha completará 10 anos. Sendo bem autocentrada e esse é um dos poucos espaços que ainda tenho a chance de fazer isso, embora muitas vezes minhas pequenas invadam minhas narrativas porque é inevitável, elas são parte de mim, eu completo uma década como mãe. Lembro como se fosse ontem, eu uma quase mãe de primeira viagem romantizando o que viria pela frente. Querendo um parto normal, quando o obstetra lá pela trigésima sexta semana de gravidez (sim, só mães sabem contar o tempo desse jeito) me disse depois de uma ecografia: nossa essa menina virou e agora tá sentada, não sei se ela desvira para encaixar. Me deu uma certa melancolia, quase um desânimo. Eu tinha chegado até ali idealizando um parto normal e os meus planos poderiam mudar na reta final. Quem me conhece sabe o quanto eu odeio mudar planos. As duas semanas que se seguiram foram de apreensão e ansiedade. Confesso ter feito musculação, caminhado que nem uma condenada, feito agachamento

Síndrome da Impostora

  Tem se falado muito sobre síndrome da impostora, um mal que atinge a maioria das mulheres. Vivemos em uma sociedade patriarcal que lucra com esse mal que nos assola. O patriarcalismo se sustenta na sobrecarga que nos é imposta e ao mesmo tempo nos vende que somos incapazes de exercer todos os papéis que atiram sobre nossas costas. Não nos vemos como boas profissionais, como boas mães, como boas cidadãs. Há constantemente uma sensação de que estamos devendo algo, de que não somos tão capazes. Se nos dedicamos mais à maternidade e menos ao trabalho, somos cobradas por isso. Se nos dedicamos a uma carreira e não temos filhos também somos. Se nos dedicamos à carreira e temos filhos, nos indagam. Consequentemente acabamos nos achando uma “farsa” em muitos aspectos das nossas vidas. Isso é tão intrínseco em nossa sociedade que até quando assumimos um determinado posicionamento ou estilo de vida, nós mesmas levantamos dúvidas o tempo todo se o que estamos fazendo é o que deveríamos faz

Eye of the Tiger

  Tirar férias em família é ótimo! Mesmo desviando do coronavírus e dos ultraconservadores, ainda assim é muito bom. A vantagem desse país é o tamanho. Ele é tão grande que ainda é possível encontrar pequenos paraísos vazios de gente disseminando vírus e de ideologia assumidamente tacanha. Viajar é mudar o cenário, tudo fica diferente, até a briga das crianças. Não que não haja, há, mas sob novos ventos. Tudo é novidade, parece que tem mais distração e menos tempo para implicar com a irmã. Mãe é um cargo do qual não se tira férias, sempre há coisas para serem feitas. Uma comida aqui, umas compras lá, um não enche o saco da tua irmã acolá. Mãe é quase um oráculo, aquele ser que tudo sabe, que está sempre pronto para responder a todas as perguntas e solucionar todos os problemas da família, não só das crianças. Cadê meu chinelo? Viu meu cartão? Ainda tem pão? Amanhã vai chover? Que passeio a gente vai fazer? Que horas são? Oráculo obviamente não tem folga, no máximo muda de ares e seg

Continuidade

É um bagulho doido esse negócio de ano novo. Chega um dia que o ano acaba pra começar outro. É meio que uma prestação da vida, a gente divide em 12 parcelas e quando termina tá pronta pra iniciar um novo. Na real nada acaba, tudo continua. Tanto que no dia seguinte boa parte dos adultos estão de ressaca. Eu que sou bem normal, embora bastante crítica, especialmente auto crítica, também me animo com o último dia do ano como se ele fosse sinal de finitude de algo. Posso até chegar ao dia 31/12 bem cética, mas depois  do segundo cálice de espumante começo a ficar esperançosa. Esse último réveillon não foi diferente. Depois da segunda, talvez terceira taça de espumante, lá pelas 23h, eu já estava considerando o dia seguinte um início de qualquer coisa e animadamente começava a enviar, pelo whatsapp, figurinhas de barbies brindando para alguns e de feliz dois mil e lula para outros, quando minha filha mais moça me chamou para a realidade: - Mamãe quero vomitar! Pensei: isso que é solidaried