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Mostrando postagens de março, 2021

Seres mágicos que vivem comigo

  Há uns dias tivemos um problema com o motor da piscina. Ele não puxava mais água para o filtro. Onde a água deveria sair, saiam bolhas e mais bolhas. Cogitamos deixar a piscina virar um pântano para vivermos quando todos tivéssemos virado jacaré, mas chegamos a conclusão que a transmutação de toda a família ainda levaria tempo e resolvemos chamar o técnico para dar uma olhada. Tudo que não queríamos era um ser externo à nossa bolha dentro do nosso pátio, mas não tinha solução. O moço veio todo paramentado e nós de longe, bem longe, ficamos observando o que acontecia. Mexe daqui, mexe de lá o problema não era no motor e sim no encanamento. Algo estava obstruindo a passagem da água. Pensamos que deveria ser um brinquedo das crianças. Até imaginei que um hipopótamo de uns 5 centímetros podia ter sido facilmente aspirado durante a limpeza da piscina. O técnico começou a tentar desentupir, mas nada saía. O que quer que fosse estava preso no cano e precisaria abrir o piso. Esse era

Idade Média 2.0

  Pode parecer estranho, mas tenho desenvolvido empatia com o pessoal que viveu na Idade Média. Obviamente não com os que acendiam a fogueira, tenho uma maior ligação com os que eram queimados ou mesmo assistiram a tudo tentando se manter vivo e com esperança que as coisas melhorariam, quase que espontaneamente. Imagino eles lá na Idade Antiga tudo nu se querendo, papiro pra cá, azeite no corpo pra lá e quando viram: pá! Tava lá a Idade Média toda pudica. Deviam pensar que a coisa ia melhorar e só piorava. O mundo evoluindo, a ciência cheia de descobertas e uns malucos defendendo que a terra era plana, chamando de herege quem pensava diferente(o nosso atual não tem deus no coração), achando que quem morria de apendicite era porque uma entidade superior queria. Certo que durante a peste negra, tinha gente que desviava dos cadáveres e bradava: É vida que segue! A gente tem que dar a vida pelo bem da feira medieval. É só fazer o tratamento precoce com chá de hera-do-não-se-o-qu

O poder do olhar

  É madrugada. Começo a despertar. Uma sensação estranha. Parece que tem alguém me observando. Temerosa abro os olhos e me deparo com um par de olhos redondos fixos em mim.                - ahhhhhhhhputaquepariucaralho! Coração aos saltos. Me recomponho. Já desperta me dou conta que é a minha filha, parada do lado da cama me olhando. Recobro o fôlego e pergunto: - O que tu tá fazendo aqui me olhando? - Te chamei e tu não respondeu. Como assim eu não respondi, não ouvi? Logo eu que ouço tudo (ao menos eu penso assim). - O que houve? - Tive um pesadelo. - Tá bom. Deita aqui comigo. Às vezes me deparo com dois pares de olhos. Um par bem redondinho e outro mais puxado é quando elas vêm em dupla. Sempre me pergunto o que elas faziam antes de pararem para me acordar com o poder do olhar. Será que combinam? Vamos lá ficar olhando até ela acordar assustada. Não dava para me chamar mais alto? Não dava para encostar no meu braço? Não dava para sorrateiramente entrar na m

Eco

  Eco é a repetição de um som que se dá pela reflexão de uma onda sonora em uma superfície ou objeto. Quando somos crianças e descobrimos o eco é um fascínio. Gritamos em todos os lugares para ver se acontece ou não. Minha filha mais moça está nessa fase, embora não tenha tido muita oportunidade de testar o efeito sonoro, por motivos óbvios. No máximo experimenta a sensação no banheiro que dá eco. A brincadeira é divertida, mas lá pelas tantas cansa. Ainda mais se o som emitido for sempre o mesmo, a mesma palavra ou a mesma frase. Encarar a pandemia no Brasil tem sido assim, cansativo e repetitivo. Tudo poderia estar melhor com medidas simples (usar máscaras, lavar as mãos e manter o distanciamento social), mas por mais que essas medidas sejam exaustivamente repetidas pelos profissionais de saúde, há mais de um ano, elas ecoam entre as pessoas que já sabem e já fazem o que é necessário. Eles falam, falam, mas parece que suas vozes refletem em redomas mentais recheadas por déficit co