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Mostrando postagens de junho, 2020

Não acostume-se ao inaceitável

Nós estamos vivendo uma espécie de matrix há mais de noventa dias (pelo menos eu e umas outras 20 pessoas que estão fazendo isolamento social no Brasil). Vivemos uma realidade virtual. Visitamos os amigos digitalmente, faço compras digitalmente, fiz o aniversário da minha filha mais moça por chamada de vídeo, o contato com a escola das minhas filhas é virtual e por aí vai. Estou sempre esperando que os cabos conectados a mim sejam desconectados, mas nunca acontece. Às vezes , quando a internet cai, é o mais próximo que chego da desconexão. Se há algo que me impressiona nisso tudo é nossa capacidade de adaptação. O ser humano é altamente adaptável para as coisas ruins e boas. Me lembro que quando minha filha mais velha tinha um pouco mais de dois anos quebrou o bracinho e eu pensei: coitada vai ser uma complicação esse braço sem funcionar, para brincar, para escalar. Que nada! Menos de duas horas depois do braço engessado, ela parecia nunca ter tido braço. Não foi diferente com

A consulta

Antes de começar toda essa loucura pandêmica fui à dentista para fazer uma revisão. Eu e meu marido, como somos um casal fofo, vamos na mesma clínica e marcamos sempre consulta uma depois da outra com a mesma dentista que já nos atende faz alguns anos. Nessa mesma clínica também levamos as crianças para consultar com a dentista pediátrica. Há uns anos a nossa dentista, descobriu que eu tenho uma degeneração da articulação do maxilar, uma coisa assintomática, mas que inspira atenção, por isso ela sempre começa minha consulta fazendo um exame desta articulação e me faz algumas perguntas para ver se está tudo normal. Nessa última consulta tudo foi mais ou menos igual. Fomos para o consultório com nossos dois horários marcados. Eu fui a primeira a ser atendida. Ela examinou minha articulação e começou com as perguntas: - Alguma alteração? - Não. - Ouve algum estalo quando fala ou mastiga? -Não. - Sente alguma dor ou incômodo em alguma situação cotidiana , ou mesmo

Ao mestre com carinho

    “Hoje vamos ter um dia bom?” e aquela coisinha fofa de 8 anos me responde “Sim, mamãe!” e começamos a estudar no sistema que criamos desde o início da pandemia. Nem sempre cumprimos a promessa, às vezes os nossos estudos são um desastre, às vezes um sucesso. Depende do dia, do nosso humor, da nossa disposição, da nossa inspiração.     Sem sombra de dúvidas de todas as inovações que a pandemia e consequentemente o isolamento impôs às nossas vidas, para mim, o homeschooling é o maior desafio, ganha disparado. Dar banho em batata palha, é ruim? É um tédio, mas não é difícil. Ficar pelada na garagem de casa para  entrar de volta no meu reduto asséptico chamado casa é ruim? Sem dúvida um pouco frio com a chegada do inverno, mas não é difícil. Lembrar de trocar de sapato quando vai levar o lixo, é chato? É confuso. Às vezes quando vejo já estão todos os sapatos para o lado de fora da porta, mas não é difícil. E o homeschooling ? Nossa, é dificílimo, desafiador, às vezes frustrante.    

Nosso meteoro

         Há uns dias atrás minha mãe me contou, um tanto indignada, que recebeu uma ligação do crematório oferecendo para ela um plano de cremação. Ela disse para o vendedor que ligou, considerar um absurdo aquela ligação, que eles estavam se aproveitando da situação mundial para tentar fazer mais vendas. Em meio a uma pandemia, em um país que vem tratando a crise como uma gripezinha, o crematório ligar para uma idosa para oferecer o dito plano, é no mínimo nada empático. Ela tem mais que ficar indignada mesmo. Acredito que o setor funerário seja um dos poucos setores da economia que esteja bem movimentado ultimamente. Considerando aquela máxima que a única certeza que temos na vida é a morte, não me parece que um crematório precise fazer marketing ativo. Eles têm todo o direito de fazer planos, vender e fazer o que bem entendem, mas ligar para idoso e todas as pessoas do grupo de risco do coronavírus, não é exatamente uma boa estratégia nesse momento. É como dizer: Boa tarde! Já que a