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Mostrando postagens de junho, 2022

Podia ser a minha filha

  Esse blog foi batizado de “Bom dia Sociedade Machista” como uma piada em relação aos jornais diários do tipo “Bom dia Brasil”. Em conversa com amigas em que falávamos sobre alguma situação machista cotidiana (sim, o machismo é cotidiano) eu, fazendo graça, imitei algum apresentador de noticioso dizendo: Bom dia Sociedade Machista. Mais de dois anos se passaram e desde então sigo por aqui escrevendo semanalmente crônicas recheadas de ironia e sarcasmo trazendo de forma lúdica, às vezes revoltada, coisas que me fazem parar e refletir dentro dessa sociedade doida que nos tornamos. A ironia e o sarcasmo são defesas minhas para encarar a vida. Rir e fazer rir me fazem mais leve. O mundo anda tão pesado que às vezes tirar uma onda da situação alivia, mas essa semana não tem como trabalhar com ironia e sarcasmo. A segunda feira acordou mais enublecida com a notícia da menina moradora de Santa Catarina que com apenas dez anos de idade foi estuprada, engravidou, teve seu direito ao abor

Prós e Contras

  Ano eleitoral é preciso fazer pesquisa, levantamentos sobre o que os candidatos têm a nos oferecer e a oferecer ao país. Resolvi fazer uma rápida avaliação de tudo que o atual governo me tirou e o que me trouxe. Bom, comecemos pelo que me foi tirado, acho que é mais fácil. Em primeiro lugar posso citar as cores da bandeira nacional. Hoje não consigo nem fazer duas marias chiquinhas nas minhas filhas com borrachinha verde e amarela. Ou é tudo verde ou é tudo amarelo, as duas cores juntas me dão medo de ser confundida com um pró-governo, e olha que já fui daquelas brasileiras que usava chinelo Havaiana com bandeirinha, tinha canga da bandeira nacional, mas agora não tá rolando. Também roubaram minha esperança, ela ainda brilha meio lusco fusco, mas não é aquela coisa que invade o meu ser e me domina. Aniquilaram qualquer possibilidade de eu torcer pela seleção brasileira de futebol. Levaram embora meu poder de compra. Tiraram de mim até um tanto da minha leveza, do meu riso fácil,

(até que) Enfim, voltei.

Inaugurei meus posts por aqui há quase um mês e, subitamente, como acontece (quase) todas as vezes que esta sofrenilda que vos fala tem a oportunidade de fazer algo novo ou acha que está tudo bem na sua bolha: PAAH. O (meu) mundo caiu em cima minha cabeça.  Foi pai quebrando fêmur, cirurgia, pai completamente fora de órbita por conta da cirurgia, pai voltando pra casa daquele jeito, mãe carregando pai, marido carregando pai, falta de verba familiar pra contratar os "serviços para idosos" de que meu pai começou a precisar de um dia para o outro, preparativos pra festinha de criança (marcada há seis meses), sobrecarga de trabalho, aniversário da filha pequena "em casa" (nunca mais), pai caindo de novo  (na manhã do aniversário) e quebrando o fêmur (o mesmo, mais e de novo), festinha rolando com pai na emergência, e, depois, (fora a festinha) tudo de novo. Em 20 fucking days. A coisa não está bem, mas finalmente está aparentemente estabilizada, não sei até quando, entã

Meda

  Um dia chuvoso duas crianças calmas, sem brigar, jogando videogame. Baita poder esse que a tecnologia tem de nos alienar de tudo, até das tradicionais brigas entre irmãs. Então, no silêncio nada comum da casa, ecoa um:                - Manhêeeeee!!! Dá pá dizê meda? Ou não dá pá dizê meda?                - Não dá pra dizer merda. - respondo E nesse momento o silêncio, a paz e a calmaria se transformam em um chororô sem fim. Como se algo a tivesse atingido. Um lamurio muito maior do que o de um tapa ou um puxão de cabelo. Os gritos não me dão espaço para perguntar o que aconteceu, mas nem precisa. Provavelmente enquanto jogavam a pequena deve ter dito “meda” por alguma intercorrência do jogo, acredito que não tenha sido nenhum “vai a meda” para a irmã, mas essa cumprindo seu papel de irmã mais velha, que inclui corrigir todas as coisas que a mais moça faz como se fosse uma mãe, ainda que seja lembrada constantemente que aquele pequeno ser encrenqueiro já tem mãe, deve ter dito

Pedalando contra o vento, eu vou!

  No dia que anunciaram que teria um super ciclone em Porto Alegre, naquele dia que as autoridades mandaram todo mundo ficar em casa a partir do final da tarde, eu tive a genial ideia de dar uma pedalada na orla do Guaíba. Deixa eu explicar melhor. Costumo pedalar na orla a título de atividade física visando única e exclusivamente ser um pouco mais saudável. Do fundo do meu coração, se eu pudesse ou me permitisse escolher, jamais faria exercício. Sempre optaria por um sofá e algo como um donuts, mas isso não é viável já que a proposta é permanecer por um mais um tantão de tempo nesse ambiente que tornamos hostil, chamado planeta terra. Já me apeguei aos entes queridos, a essa viagem psicodélica chamada vida e faço o possível para não abreviar esse tempo. Mas vamos aos fatos. Havia a previsão do tal ciclone (que no fim nem foi tão ciclonístico assim), de manhã aparentemente tinha um pouco de vento, mas as coisas se intensificariam no final da tarde dizia a previsão do tempo, a defesa