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Mostrando postagens de setembro, 2023

Esse direito ninguém me tira!

Dizem por aí que depois do temporal vem a bonança e choveu muito nos últimos tempos, física e metaforicamente. Eis que no primeiro dia de bonança física, sol a pino, fui fechar a janela do meu quarto antes de sair por volta do meio dia e visualizo, estendida no meu quintal, uma ratazana morta com direito a varejeiras em volta. Também dizem que o temporal desacomoda os bichos escrotos dos esgotos, então ainda que haja sol, há seres asquerosos vagando pela cidade.  Vontade profunda de vomitar, calafrios que me percorrem o corpo, pele arrepiada de quem vê o perigo. Não acredito em zumbi, apenas em zumbis roedores, isso tenho certeza que existe. Penso que a imensa roedora deve ter saído meio bêbada do esgoto, encontrado com uma das minhas gatas e veio a falecer ali no meu quintal. Justo no meu quintal como seu eu não andasse com problemas suficientes para resolver. Por outro lado, eu e minha positividade quase tóxica ficamos quase felizes ao constatar que a bicha equivalia a mais de meia g

Inexpressividade

A inexpressividade das pessoas é algo que me afeta. Eu gosto de olhar para a face do ser humano e conseguir ter pistas do que ele está pensando, se tá me achando enfadonha, se tá achando divertido, se tem algo no ambiente incomodando. A pessoa nem precisa me dizer como ela se sente, só a cara dar indícios já me deixa mais segura. Eu não gosto de dar aula online pelo google meet justamente por isso, porque não enxergo a cara dos seres humanos. Prefiro pagar pelo zoom a não ver as expressões faciais do meu interlocutor. Eis que há muito muito muito tempo, talvez semana passada, meu trabalho começou a  exigir que eu interagisse com um sujeito inexpressivo. A primeira vez que conversamos pensei: esse cidadão deve estar em um mau dia! Ele parecia incomodado com alguma coisa, o que não seria estranho porque sua função deve ter sido criada para a pessoa se incomodar, passa o dia resolvendo problemas dos outros, é pago para isso. Vai ver que naquele dia em que nos conhecemos ele tava resol

Estava em promoção

  Passava eu por uma daquelas semanas que a gente pergunta, se alguma coisa pode piorar e logo a vida resolve te testar e dizer: Sim, sempre podemos deixar essa bagaça pior! Um inferno astral com requintes de crueldade, que a mais cética das céticas, começava a se questionar se aquilo era inferno astral ou jogos vorazes. Daquelas épocas que a adepta do chá de camomila e da erva cidreira relutantemente assume que clonazepam tem seus encantos e recebe o conselho da própria psicóloga que talvez dobrar a dose possa ajudar a ter um sono de melhor qualidade, ou apenas um sono. Quando já me sentia saindo do olho do furacão, quando a vaca do Twister não girava mais a minha volta, mas o vento ainda era violento entrei no supermercado para comprar esponjinha de louça, só esponjinha. Assim que empurrei meu carrinho pelos primeiros metros do estabelecimento, fui tomada de assalto por uma promoção de vinhos. O ataque me pegou tão desprevenida que quando eu menos esperava estava com 9 garrafas co

experimentos de prosa poética

o nó aperta a saliva  desce   não passa o nó espreme a lágrima rompe  a couraça