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Mostrando postagens de fevereiro, 2024

Um susto chamada páscoa

Não é novidade nenhuma que a páscoa ocorre quarenta dias depois do carnaval. Quando eu era criança, jovem, sem filhos, sem contas, inconsequente, só preocupada com viagem, feriados, fantasias e chocolates, naquela época que a vida era fácil e eu não sabia, parecia que uma data era muito distante da outra. Naquele tempo bom que não volta mais dava pra programar o que fazer, se preparar com calma para o churrasco da sexta feira santa. Depois que eu tive minhas filhas e quanto mais elas crescem descobri que há um fenômeno físico, também conhecido como vida adulta, que faz com que o tempo comprima e esses quarenta dias, viraram um tropeço daqueles que não dá tempo de se equilibrar e a gente sai tastavilhando. Na segunda-feira de carnaval entrei no supermercado e me deparei com coelhinhos de chocolate, gritei apontando para o outro lado em direção às conservas: “Olha ali pepino em promoção! Peguem duas embalagens!” Na esperança que as crianças não vissem o tentador coelhinho, que era um coe

ET de jardim

  Eu não sei se é uma tendência nacional de decoração de jardim (deve ter uma expressão gringa pra dizer isso), mas aqui no Rio Grande do Sul o povo anda com um gosto, digamos, duvidoso. Não quero dizer com todas as letras que há em voga uma tendência de mau gosto, porque “gosto não se discute já diria uma velha que comia ranho” me ensinou minha mãe que é uma senhora muito distinta e não come ranho (pelo menos não que eu saiba, pelo menos não em público). O fato é que o povo gaúcho bravo e aguerrido deu pra decorar os jardins com ETs. Me pergunto porque cargas d’água alguém faz isso? Considerando o final de 2022, época em que pequena amostra da população dos pagos foi notícia nacional tentando fazer contatos imediatos com celular na testa para que os alienígenas impedissem uma dominação comunista, não é de todo descabida a moda. Na verdade é praticamente uma representação da erudição da região. Há lojas e mais lojas que exibem a estranha estatueta decorativa e consequentemente h

Só depois do Carnaval

  O ano no Brasil só começa depois do Carnaval. Até ontem de manhã era isso que costumávamos dizer. O país para na época da festa mais brasileira de todas, menos a P olícia F ederal como pudemos observar nas últimas 36 horas. O país é composto pelos entusiastas e os inimigos do feriado, porque afinal descobrimos há algum tempo que somos a nação morna dos extremos. Mas sigamos que essa crônica não é sobre política (ou será que é? Ou talvez devesse ser?) Eu t ô no time que gosta da brincadeira, tanto da PF quanto a do carnaval, foquemos na segunda pra tentar não gerar tanta polêmica na véspera do feriado. Reza a lenda familiar que a primeira vez que entrei em um bailinho, fiquei animada e meu primo da mesma idade nos limpava dos confetes, mostrando desde pequenos quem ia gostar mais da folia. Minha mãe e minha avó se dedicavam na confecção da fantasia e na maquiagem. Em um ano fui de coelhinha (era uma versão meio coelha da playboy infantil, mas tudo bem porque era década de 80), em

Articulação idosa

  Vinha eu caminhando pela rua, um pouco desenxabida porque meu fone tinha acabado a bateria. Eu sabia que isso aconteceria mais dia menos dia. E u, uma natural não procrastinadora, procrastinei e não coloquei o negócio para carregar. Fora a pausa obrigatória na minha trilha sonora que dá energia para me mexer, me incomodava o calor, esse calor portoalegrense que pesa, que parece que tá oprimindo a gente e faz o suor escorrer pela coluna até o sulco das nádegas, também conhecido como rego da bunda e eu to orgulhosa de saber o nome técnico pra onde as gotas de suor escoam, porque fui procurar pra tentar não escrever o nome vulgar, mas não resisti e escrevi assim mesmo, já que me sinto mais liberta sendo um pouco escrachada. Então, de repente não mais que de repente uma conversa do outro lado da rua me chamou a atenção fazendo com que eu saísse de dentro da minha cabeça vazia cheia de pensamentos. Um rapaz jovem (dizer rapaz jovem faz de mim alguém tão velh o ) e uma senhorinha arrumav