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Mostrando postagens de agosto, 2022

O coração de Dom Pedro I chegou ao Brasil

  O coração de Dom Pedro I chegou ao Brasil. Pesa nove quilos. Está conservado em formol há mais de 180 anos. Foi transportado por avião da FAB. Diz que a vinda do órgão (cada vez que escrevo isso, uma voz maliciosa na minha cabeça me faz ter vontade de rir) é para uma comemoração necrófila dos 200 anos da independência do Brasil, em uma alusão ufanista a vinda dos restos mortais do mesmo monarca na comemoração dos 150 anos da independência durante a ditadura militar. Nesse momento eu gostaria de pedir para os universitários, por favor, esclarecerem o que significa independência. Mas sigamos. Poderia ser o coração de uma vaca e dizerem que era de Dom Pedro que ninguém se daria conta. Tenho sérias dúvidas sobre a capacidade técnica do atual staff do Itamaraty em diferenciar um coração humano, bovino, suíno ou equino. Dom Pedro, nunca pensou que supostamente ter dito aquela frase, que parece que ele não disse, “Independência ou morte”, deixaria um país tão dependente e o imortaliz

A forja da mãe

  Ninguém se torna mãe do dia para noite. Quando uma criança entra na sua vida, ela na passada não liga um interruptor que te torna mãe. Esse é um ofício que vai sendo moldado com o tempo, com a experiência. Eu cada vez mais tenho certeza que um dos elementos que ajuda a forjar, lapidar, esculpir uma mãe é o vômito. Acho que a acidez do suco gástrico vai aos poucos corroendo as nossas arestas, dissolvendo os nojinhos, polindo as partes rugosas mesmo as internas e nos tornando esse ser nada divino, totalmente mundano e necessário. Uma das primeiras coisas que o bebê faz é vomitar. Aquele vomitinho de leite, meio coalhada, iogurte. Nas primeiras vezes que isso acontece com uma mãe novata, ela corre pra trocar de roupa. Imagina ficar vomitada! Conforme as “golfadas” se tornam frequentes, a gente começa a dar uma limpadinha na roupa, passar um paninho e seguir o baile. No entanto, chega um momento do caos e da correria que quando você se dá conta já tá indo ao supermercado fazer compras

Aguardando a primavera

  Vivemos em um país rachado. Somos uma nação desunida. Parece que mais nada pode fechar a enorme fenda que se abriu entre nós. Dois lados totalmente desconectados, separados por um muro imaginário que quando atravessado por um avisado acaba em óbvio conflito. No dia a dia estamos ali, todos lado a lado, tropeçando uns nos outros. O discurso dual, raso, que ignora a complexidade do universo é lenha na fogueira. A divisão é tão profunda que convivemos entre o aceitável, que é um espaço bem amplo, e o inaceitável, a barbárie, onde tudo que é diferente precisa ser extirpado, ter o “mal” cortado pela raiz. Assim andamos pelo paço público, trombando e desviando de quem acredita que o mundo seria um lugar melhor sem nossa presença e que se para isso for necessário nos tirar do mundo, tá tudo bem. Mas será que realmente não há mais nada que una essa nação fissurada? Definitivamente símbolos nacionais, fé, futebol, música e orgulho da triste pátria não fazem mais essa função. Talvez, a únic

A vergonha das unhas não aparadas

  Quando os filhos iniciam a vida escolar, nós, pais, aprendemos que a comunicação da escola conosco será feita através da agenda. Salvo questões mais urgentes que demandam uma ligação, ou coisas mais graves que demandam uma reunião, a comunicação se dá por esse meio. Ali temos informações como, no caso dos pequeninhos, se comeram ou não, se fizeram cocô, se caíram, o que estudaram. No caso dos maiores somos informados sobre passeios escolares, se esqueceram de entregar o dever de casa ou qualquer aviso que tenham a nos dar. Assim, como cabe a nós pais escrever na agenda qualquer coisa que a escola precise estar ciente. Há escolas que já tornaram as agendas eletrônicas, não é o caso das instituições que minhas filhas frequentam. A minha filha mais velha muitas vezes chega em casa avisando: Tem bilhete, mas não é nada ruim! Isso significa que ela não aprontou nada, nem esqueceu de fazer nenhuma atividade. O que é comum porque ela costuma ser uma estudante bem dentro da linha. Já a