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Mostrando postagens de março, 2022

Senso de Realização

  No chá de fraldas da minha primeira filha, uma amiga muita sábia que tinha três filhos me disse: Faz tudo que tu tiver pra fazer agora depois que ela nascer quando tu conseguir raspar os dois sovacos no mesmo banho, vai te sentir realizada. Na hora pensei que era exagero, que ela falava isso porque tinha três filhos. Não demorei pra saber que ela estava certa. A maternidade traz um novo senso de realização, um novo significado pra sucesso. E como diz a música do Legião Urbana “Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?” criar pessoas é uma experiência tão surreal e complexa que dá vontade de repetir a dose e no segundo filho você descobre outra coisa sensacional que um mais um é dois só na matemática, na vida prática familiar um mais um é quatro ou seis. A partir do segundo filho realmente sucesso é conseguir ter os dois suvacos depilados na mesma oportunidade, mas filho nos traz uma sensação de que somos capaz de tudo, inclusive de depilar a virilha co

É muito difícil competir com mãe de youtuber

  É de tarde, minha filha mais velha já chegou do colégio e fez toda a lição de casa. Então, surge a pergunta “Mamãe, posso ver meus minutinhos de youtube?” Eu, um pouco desconfortável, digo sim. Não quero que ela consuma lixo, mas também não quero que seja um ET. É difícil acertar a mão. Faço um esforço sobre humano para compreender que os youtubers são os ídolos dessa geração(argh!) Me apego aos conselhos tranquilizadores das amigas que têm filhos mais velhos e dizem que isso é fase e passa. Os canais infantis de youtube, para nós, devem causar incômodo semelhante ao que nossas mães sentiam, quando a gente, na década de 80, corria para ver o Bozo e sua trupe no SBT. O youtube para as crianças é uma espécie piorada da programação infantil da rede de televisão do Silvio Santos (se é que isso é possível). Os canais que minha filha assiste são, normalmente, protagonizados por uma menina criança/adolescente com voz estridente, irritante, falando bobagens toleráveis e ensinando a joga

Pedrada eletrônica

Passou o carnaval, que a gente faz de conta que não viu acontecer e só aconteceu para quem consome e não para quem vive dele. Começou o ano. Coelhinho da páscoa bate à porta e quando a gente menos espera o papai noel já tá pronto para encerrar as atividades. Esse ano promete ser movimentado. Vai ser daqueles de bloquear gente nas redes sociais.  Se é que você ainda tem quem bloquear. Ah, mas sempre tem! Sempre tem um parente, algum conhecido da família, aquele que a gente não bloqueou por consideração a alguém (certamente não por consideração a si próprio). Dia desses estava me perguntando: O que nos leva a bloquear alguém nos app de mensagem instantânea, considerando que eles são ótimas ferramentas para comunicação cotidiana? Por que banimos alguém se não é venda insistente de algo que você não está interessado ou tentativa incessante de te “levar a palavra de deus” (o que não deixa de ser venda de alguma coisa que você não está interessado e de quebra diria que, caso deus existisse,

Que empiece el matriarcado

  Auto imagem, auto estima é algo muito complexo para uma mulher. Encontrar beleza e satisfação em quem somos é um exercício difícil de fazer. Quando somos adolescentes o padrão é não nos acharmos bonitas e inteligentes, por mais encantadoras que sejamos. Sempre tem uma colega, uma amiga, mais bonita, mais desejável, mais esperta, muito melhor que todas as outras (e possivelmente aquela que consideramos a mais tudo de todas, também tem essa sensação em relação a alguma outra menina). Crescemos e lá pelos nossos vinte anos somos cheias de confiança, mas cheias de incertezas onde parece que nunca nos encaixamos em nenhum padrão de perfeição que em algum momento incutiram nas nossas cabeças que devíamos nos encaixar (provavelmente porque não existe padrão, nem perfeição no que não é industrializado). Quando encostamos nos trinta parece que não dá nem tempo de pensar em nada. A gente lembra que tá virando balzaquiana e que o conceito mudou muito de lá pra cá, mas que ainda assim é um ma