Rasgaram as beiradas
Comeram a cidade pelas bordas. Rasgaram as beiradas. Um novo contorno se desenha, mal acabado, sem arremate, grotesco. Os pedaços foram arrancados com força, com raiva. Sacudiu tudo! A violência e a rapidez levou à completa desordem, como papel que uma vez amassado, as fibras quebram. Fica perceptível até mesmo pra quem tá de fora através das inúmeras imagens divulgadas à exaustão. Aqui de dentro não reconhecemos mais os vizinhos. Ansiosos, preocupados, temos medo do desconhecido, desconhecemos e reconhecemos na estranheza daqueles tantos que não sabem a ordem dos corredores do mini mercado de bairro. Pegamos forte as mãos das crianças para a segurança delas, ou pela segurança que elas nos passam com sua capacidade de adaptação. O espaço antes dominado, recheado de novos rostos, agora assume nova e estranha identidade. Há uma ordem em formação que conta com olhares assustados e desconfiados. Na conduta social em ascensão, imposta do dia para noite, todo mundo age sem saber como agi