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Mostrando postagens de abril, 2024

Que lógica há?

A despeito do aquecimento global, batem os primeiros ventos outonais. Com esforço dá pra sentir um fresquinho de manhã cedo. Nada que nos remeta há quatro décadas atrás, quando fumar era charmoso, cortar árvore era solução, linha telefônica era luxo e um item essencial ao vestuário de toda a criança nascida na região sul do país era o passa-montanha. Um gorro que tapava cabeça e pescoço, deixando de fora só o rosto com as bochechas e o nariz assados pelo frio e pelo papel higiênico lixa que fazia a colheita de ranho de abril à outubro. Eu sou entusiasta do frio! Consciente de que vivo em um país com um abismo social, reconheço meu egoísmo e desenvolvo sentimentos dúbios em relação a essa minha predileção. Sentada na poltrona de todos os meus privilégios me encanta o vinho, a lareira, não suar feito uma porca prenha. A moda no frio me fascina, ainda mais no home office que ninguém vê minhas havaianas com meia. Adoro casacos, gorros, lenços, mantas. Acho lindo o clássico. A roupa vai

Meritocracia à flor da pele

  Meritocracia é uma palavra formada pelo prefixo latino mereo que significa ser digno, merecer e pelo sufixo kratos originário do grego que denota poder, força. Ou seja, é um termo que estabelece relação direta entre mérito e poder, poderíamos dizer que se relaciona com o alcance do poder através do merecimento.   De forma sucinta a ideologia meritocrática fundamenta-se na velha máxima de que se você se dedicar ao máximo chegará ao topo. No entanto, quem vive a vida real sabe que na prática a banda toca em outro tom. Nós, seres humanos minimamente evoluídos, levemente sensíveis, já descobrimos que entre merecer e alcançar há uma série de camadas obscuras e que no raso, bem no raso o mundo é injusto, desigual. Dentro da sociedade capitalista o que vale é o dinheiro e em outras formas de organização sociais até agora só se provou que influência vale muito mais que qualquer merecimento ou capacidade. Infelizmente, somos rodeados de iludidos que acreditam de fato na correlação fantasi

Yin e Yang

  Depois de uma baixa na população de pets da casa no final do ano passado, resolvi adotar uma nova gata. Meu marido deixou bem claro que não via necessidade nenhuma em termos outro bicho de estimação, mas foi voto vencido. Talvez, não considerado. Eu considero gatos quase como seguranças pessoais, dada a minha fobia de ratos (eca!). Demorei um pouco para encontrar a gatinha. Decidimos que pegaríamos uma fêmea, preta, filhote recém desmamada (pra ser mais fácil a inserção na comunidade familiar). Depois de um tempo a gata de uma conhecida deu cria e lá estava nossa filhote que já tinha até nome: Bonbon, afinal já temos a Petit Gateau e é necessário manter coerência nos nomes dos pets. A ideia era buscar ela quando desmamasse, com 45/60 dias, em uma comunidade na periferia da cidade. Quando Bonbon completou 30 dias, nos pediram para buscá-la, porque a mãe gata havia sido atropelada, passava bem, mas sem condições de amamentar. Lá fomos, eu e as crianças, em busca da nossa gata. Chegan

Tudo filho de chocadeira

  Estou chegando à conclusão que pai e mãe de crianças em idade escolar estão entre os seres mais hipócritas da sociedade contemporânea. São mais de 10 anos com filhotas lindas frequentando a escola e quanto mais eu convivo com agremiação de pais mais eu reforço minha teoria. Não vou nem entrar no mérito do grupo de whatsapp parental, porque isso merece um texto específico, vamos apenas falar sobre o contato presencial. Todo início de ano letivo as professoras fazem aquela já tradicional reunião com as famílias. Falam sobre o projeto pedagógico, alertam sobre bullying, alimentação saudável, cuidados ao levar e buscar as crianças (isso inclui não parar em fila dupla na porta da escola) e fica todo mundo com cara de samambaia surpresa. Considerando a expressão facial daquele grupo de adultos eu me arriscaria dizer que ninguém manda energético e barra de chocolate na lancheira, todo mundo acha bullying um absurdo, não há nenhum mal motorista, só vegetais chocados com o comportamento das