(até que) Enfim, voltei.

Inaugurei meus posts por aqui há quase um mês e, subitamente, como acontece (quase) todas as vezes que esta sofrenilda que vos fala tem a oportunidade de fazer algo novo ou acha que está tudo bem na sua bolha: PAAH. O (meu) mundo caiu em cima minha cabeça. 

Foi pai quebrando fêmur, cirurgia, pai completamente fora de órbita por conta da cirurgia, pai voltando pra casa daquele jeito, mãe carregando pai, marido carregando pai, falta de verba familiar pra contratar os "serviços para idosos" de que meu pai começou a precisar de um dia para o outro, preparativos pra festinha de criança (marcada há seis meses), sobrecarga de trabalho, aniversário da filha pequena "em casa" (nunca mais), pai caindo de novo  (na manhã do aniversário) e quebrando o fêmur (o mesmo, mais e de novo), festinha rolando com pai na emergência, e, depois, (fora a festinha) tudo de novo.

Em 20 fucking days.

A coisa não está bem, mas finalmente está aparentemente estabilizada, não sei até quando, então: (até que) Enfim, voltei.

Sintam o drama da pessoa.

Os perrengues da minha vida começaram com um acidente de carro quando eu tinha 16 anos e, depois disso, nunca mais pararam de acontecer, nem se afastaram muito um dos outros (eu me chamar de Sofrenilda tem um porquê), mas todos os quebra molas (ou penhascos) por que passei, enfrentei. Olhando pra trás, vejo que fiz diversas escolhas erradas, mas enfrentei de cabeça erguida. 

Desta vez, foi diferente. Não sei se foi a idade ou o se o número de perrengues extrapolou a capacidade que tenho de enfrentá-los, mas, nestas últimas semanas, descobri que cansei de "ser forte", de "enfrentar" o mundo e as circunstâncias, de "ser uma heroína", não consegui, travei: me imaginava sentada no Iraque coberta de terra e com as bombas explodindo em volta.

Eu já estava levando a vida da "mulher moderna", me matando de trabalhar para alcançar o desempenho que esperam de mim, cuidando como dava de filho pequeno e de filho grande, empurrando a bagunça da casa com a barriga, chamando tele-entrega dia sim, dia também pela total falta de energia para cozinhar no fim do dia e por aí vai.

Somar a isso o pai da "mulher moderna" de um dia para o outro não ser mais ele e passar a ser um velhinho necessitando de cuidados 24/7 foi demais pra mim. Pela primeira vez, reconheci que era demais.

Eu não consegui "ser forte". Só que também descobri que não tenho o direito de cansar.

Estou seguindo aos trancos e barrancos, tentando fazer o que dá e como dá, mas, ao invés de enfrentar o mundo sem nem pensar muito, assumi, pela primeira vez, que, do jeito que está minha vida agora, não tenho como fazer tudo e, muito menos, como eu gosto de fazer, dentro do "padrão Fah de qualidade". 

Foi difícil, mas me fez ver que eu preciso repensar um monte de coisas e, provavelmente, mudar um monte de coisas. Do jeito que está, não rola mais.

Botei na balança o "passar tempo de qualidade com a família" e o "trabalhar conforme o desempenho que é esperado de mim", o "passar tempo de qualidade" com meus filhos, com meus sobrinhos ou com meus pais, o não conseguir ver meus amigos. O trabalhar só pra pagar as contas no fim do mês e não ter tempo ne grana pra nada.

Ainda não consegui equilibrar os pesos de tudo isso, sigo fazendo malabarismo, mas enquanto analiso a balança para tentar solucionar a equação da "vida da mulher moderna" do século XXI.

E, espero, sinceramente, não estar errada ao encerrar este desabafo com um "Não perca, mudanças ocorrerão neste canal".

(to be continued...)

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