Mãe não é tudo igual

 

Antes de termos filhos, listamos mentalmente todas as coisas que queremos fazer diferente do que nossos pais fizeram em relação à educação e criação de seres humanos. Não é nem que achemos que nossos pais tenham sido incompetentes, é mais aquela ideia de que tendo noção do resultado final (você mesmo) dá vontade de tentar uma outra abordagem pra ver se resulta em algo melhor. Um pouco de experiência social, com pitadas de prepotência, um toque de evolução, banhado em autocrítica, servido com espuma de toxicidade materna.

Independente do que fizermos, nossos filhos quando crescerem também pensarão o que farão de diferente na criação dos filhos deles. É o ciclo da vida.O engraçado nisso tudo é que há algumas coisas que mesmo não achando assim tão boas, repetimos e há frases que toda mãe diz.

Embora pareça, essas frases não são o “lugar-comum” de mães. Elas são, na verdade, uma corrente, tipo aquelas do Orkut, do WhatsApp que não se pode romper. A coisa é tão bem-feita que quando nos damos conta já estamos dentro da corrente, só descobrimos isso quando se dá a situação e da ponta da língua salta aquela fala chavão.

A primeira vez que pude dizer para minha filha “tu não é todo mundo” me senti até mais leve! Fiz uma dancinha ridícula pelas costas dela para comemorar que eu tinha feito a roda girar. É como se tivéssemos esperado a vida inteira para mandar a corrente adiante. Dá até um alívio no coração. Sempre quando digo essas coisas faço uma pequena comemoração sem que as meninas vejam. É libertador dizer “quer ver que vou chegar aí e achar?”, “ah tá, então se ela se jogar da ponte tu te joga junto?”, “porque eu tô mandando”.

E nessa véspera de dia das mães faço essa revelação bombástica, não mães não são todas iguais, apenas entramos em uma corrente sem saber e é vital que passemos ela adiante. Por favor, não rompa a corrente. Não, você não terá azar, não será amaldiçoado ou qualquer coisa parecida, mas vai perder a chance de se divertir por ser alguém totalmente prosaico. No final você fazendo diferente ou não daqui uns vinte e tantos anos terá um alguém querendo fazer diferente do seu diferente e se deparando com situações semelhantes e repetindo mais ou menos as mesmas coisas. Então, não tenha medo de ser a mãe que manda levar um agasalho. Gasta a vontade esse “na volta a gente compra” pra não ter que dar uma aula de economia doméstica. Abusa do “tu não é todo mundo”, porque isso só prova que a pessoa é todo mundo, mas é o todo mundo que está sob sua responsabilidade até atingir a maioridade. Feliz domingo para todas que fazem parte dessa corrente milenar! Perdão por revelar nosso segredo aos iludidos que achavam que éramos clichê!

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