Destino

 


No dia 15 de outubro minha mãe completou 77 anos. Sem grandes festejos, pois é pandemia que segue, mas, ainda assim, comemoramos em nossa pequena bolha. Ela nasceu no dia do professor, data nobre para muitos. Dia daqueles que trabalham com a arte de ensinar. Data de “doutrinadores ideológicos” para aqueles que não aprenderam nada. Dia daqueles que “prestam um serviço de educar o filho dos outros” para os que não compreendem nada de sutileza e de arte.

Em função do aniversário dela ser em data tão solene, fizemos uma brincadeira e começamos a pesquisar qual era a data especial em cada um dos aniversários dos membros da família. Descobrimos que dia 19 de agosto, aniversário do meu marido, é dia da fotografia. Dia da arte que imortaliza momentos, imagens e faz com que possamos visitar e revisitar tempos e lugares sob o ponto de vista único do fotógrafo. Um bom dia para se aniversariar.

Minha filha mais velha nasceu em 30 de janeiro, dia da saudade e da História em Quadrinho. A cara dela, melancólica, com poética sensibilidade e aliado a isso, ela também é grande fã de HQ. Veio ao mundo no dia certo, no dia que representa muito dela.

Minha filha mais moça faz aniversário dia 10 de junho, dia de Camões, dia de Portugal. Meu pai que gostava de lembrar nossa ascendência portuguesa ficaria feliz em saber que tem uma neta que nasceu nessa data. Mais uma da família que comemora seu dia especial em uma nobre data.

Quando chegou a vez de pesquisar o meu aniversário eu já estava ansiosa. Batendo os dedos, sacudindo o pezinho, pensava: “Que dia marcante coincidiria com a minha chegada nesse mundo doidão?” Qual seria a data emblemática que eu poderia associar ao meu aniversário e contar vantagem por aí, com frases como: “Eu nasci no dia de….” Eis que o Google nos contou que a data especial que divide as atenções (pouco egocentrada, eu) com o meu aniversário em 10 de setembro é o dia do gordo. Acho que nem é uma data, isso é praticamente um destino. Nem é aniversário, é carma. A vantagem é que agora posso ir a nutricionista e atribuir todo o problema do meu sobrepeso ao meu nascimento, nem preciso mais buscar desculpas genéticas. Também não preciso dizer que a culpa é da caixa inteira de bombons que eu comi, a responsabilidade toda é do dia que eu nasci.

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