Rasa como um pires
Desde 23 de maio de 2016, quando eu acordo tenho um pensamento recorrente, uma esperança. Abro os olhos e vem a minha mente “Tomara que eu tenha ficado tão rasa quanto um pires ou que tudo tenha sido um pesadelo”. Na verdade eu penso “tomara que eu tenha amanhecido burra”, mas não sejamos presunçosa, deixemos o rasa que é mais gentil (com os outros não comigo mesma). Começa o dia. Eu acordo as crianças. Faço café. Nos sentamos na mesa, eu com uma xícara quentinha nas mãos começo a ler as notícias. Pronto! A esperança foi embora, não fiquei mais rasa de um dia para o outro. A vida seria tão mais fácil se eu tivesse a profundidade de um espelho d’água com menos de 1 mm de espessura. Imagina que tranquilo e simples: Ter a certeza que quando dizem “só 0,01% das crianças desenvolvem covid grave”, as minhas crianças não pertencem aos 0,01%. Entender que na pandemia no Brasil está tudo bem ter que optar entre morrer de fome e morrer de covid, como se não houvesse a...