Dia Mundial da Poesia
Hoje é o dia mundial da
poesia. Já parou pra pensar o que seria do mundo sem poesia? Não teria música,
colorido, embalo, movimento. As lágrimas seriam presas, as dores amarradas, os
amores contidos e as doenças ampliadas. A tristeza aprisionada, sem poder
transbordar pelas palavras de alguém. Para onde iria a graciosidade do mundo? E
a indignação com balanço?
Confesso que por muito
tempo invejei os poetas, a leveza, a sutileza que impacta e tira o ar, a
capacidade enxergar o paquiderme na efemeridade da nuvens com o denso contorno
da chuva, ora fazendo sol, ora sombra, porque eu sempre fui elefante pisando na
casinha da Barbie. Convivi muito com minha avó materna, exímia poeta, leitora
voraz. Ela recitava versos de cabeça, os seus, os que lia e até os populares.
Dizia que foi treinada desde pequena para isso. Ela participava de oficinas, e
eu quietinha de orelha em pé, acompanhava tudo. Tentei escrever poesia, mas
nunca gostei do resultado. Me enxergo desajeitada com as palavras e comigo
mesmo, não vejo a poesia na minha poesia. Me lembro de ter uns nove anos
escrever uma crônica (que eu não sabia que era crônica) e correr pra mostrar
pra minha avó. Ela leu. Ela riu. Ela riu alto e ali ficou claro o caminho que
mais combinava comigo, a forma como eu podia extravasar o que passava dentro da
minha cabeça, minhas angústias, meu adaptar ao mundo e isso foi um libertar de
alma. Segui tentando arriscar uma poesia ou outra, mas sempre parece que elas
vão tropeçar e cair.
Como a inveja tá
coladinha na admiração, hoje posso dizer que admiro os poetas, me encanto e
fico imensamente feliz em tê-los e, principalmente, tê-las como colegas de
expressão artística. Fico mais encantada ainda de poder dizer: fulana é minha
amiga, nossa é uma baita poeta!
Hoje pra homenagear a
poesia deixo versos de vovó, uma das pessoas que abriu meus olhos para o
caminho artístico e fez com que eu não me sentisse um E.T. caído da nave.
DÚVIDA
correr
fugir
sumir
morrer?
buscar
lutar
sonhar
viver?
amar
criar
somar
é ser.
(Zilda Gay de Castro)
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