20 de setembro
Uma amiga saiu assustada
de uma palestra, quando o conferencista revelou que nós nascidos no século
passado, mesmo aqueles do final do século, somos geracionalmente muito mais
próximos de alguém que nasceu na década de 1950 do que alguém que nasceu depois
dos anos 2000. Tudo que veio depois de não ter acontecido o bug do milênio foi
tão social e tecnologicamente impactante que estamos muito mais perto da moça
sexy, feliz do anúncio de batedeira do que de qualquer um que nasceu depois que
a internet se popularizou e passamos a ter literalmente o mundo na palma da mão
se assim quisermos. A quantidade de informação, de imagem que nos atravessa
hoje é completamente distante da vida consultando a Barsa.
Essa semana quando aqui
no Rio Grande do Sul comemoramos (sim, há questionamentos nisso) a Revolução
Farroupilha essa distância para mim fica ainda mais evidente. Meu pai e minha
mãe nunca foram gaúchos de carteirinha, tradicionalistas, mas eu cresci com
churrasco aos domingos, danças tradicionalistas não eram estranhas a mim, eu e
meus primos brincávamos de dançar chula com as agulhas de tricô da vovó, as
idas à churrascarias rodízio não eram incomuns, o meu tio mais queridos sempre
acordou muito cedo para tomar chimarrão e tocava milongas como ninguém. As
minhas filhas que nasceram em 2012 e 2017 ainda que conheçam mate e algumas
músicas típicas, não tiveram essas vivências, mas tem tantas outras, ouvem K
Pop (ok, isso não é lá grande mérito, mas cultura coreana antes da internet era
impensável), seguram hashi com maestria, falam inglês sem esforço, sonham em
extrapolar fronteiras para além de Santa Catarina, Argentina e Uruguai.
Todo o 20 de setembro pra
elas é um dia de revelações: “Não, minha filha prenda não desenha cuia de
chimarrão na bochecha”. “Sim, meu amor, mamãe sabe dançar o pezinho.” “O gaúcho
anda a cavalo no campo, campereia.” Meu avô deve dar uma reviradinha de leve no
túmulo, mas me desculpem os gaudérios arraigados ao pago, a fluidez do mundo
também tem seu charme e Ok, sim estou devendo uma visita a um CTG e um
churrasco fogão de chão, mas a insustentabilidade dos métodos de produção
exploratórios não tem sido muito convidativa.
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