Momento Olímpica

 

Não há nada que me torne mais atlética teórica que olimpíadas. Não entendo nada de esporte nenhum, até começarem os jogos. Nesse curto período, a cada 4 anos, me torno especialista. Parece que um software esportista baixa no meu cérebro. É como se uma entidade atlética aposentada, tipo um comentarista, se apossasse do meu corpo. Sei tudo de todos, com exceção de tênis, esse só Guga Kuerten me fez torcer um pouco, ainda sem entender nadar.

Depois que passam os jogos, meu cérebro desolimpíca, volto a só saber que nada sei. Minha adoração cotidiana por esporte se resume a considerá-lo como remédio de uso contínuo. Faço porque compreendo a necessidade para a saúde física e mental. Odeio praticar coisas em equipe ou que precisem de um adversário. Não gosto de depender dos outros. Já cumpro com maestria o papel de auto adversária, não preciso da ajuda de ninguém nesse quesito.

Por mais que eu não acompanhe habitualmente nenhuma modalidade, Olimpíadas tem algo diferente que me faz ficar muito vidrada no que acontece. A empolgação é tanta que se fosse capaz faria flic-flacs na sala, mas se tentasse o máximo que saíria seriam floc-flocs e uma lesão na coluna. Adoraria dizer que esse fascínio vem da Grécia Antiga, mas acredito que seja tudo fruto de ações de marketing.

Torço pelo Brasil e por seus atletas. Ok, tem alguns que vejo as declarações e quase destorço, mas no geral o saldo é positivo. Quase esqueço do mau uso dado a camiseta canarinho nos últimos anos. Quase grito ao ver a chance de uma medalha. Às vezes dá um nervoso danado e quanto mais difícil foi ou é a vida do atleta que defende o país, maior é minha torcida. E se é uma final e não tem Brasil a regra é clara, Arnaldo, torcemos para o país mais f@dido. Aquele com maior desigualdade, o que tiver maior índice de pobreza. Isso é uma cumplicidade que só quem já foi classificado como de terceiro mundo, subdesenvolvido, só quem foi colônia de exploração, tem.

 

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