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Mostrando postagens de agosto, 2024

Abaixo a lição de casa

Eu odeio lição de casa. Eu odiava quando eu era criança. Eu odiei as lições da minha filha mais velha. Eu odeio as lições da minha filha mais moça. Não que a mais velha não tenha mais, mas ela sabe que para o bem da humanidade e da nossa relação é melhor fazer sozinha. Já com a pequena que está sendo alfabetizada, preciso me nutrir de toda a paz de espírito que não habita meu ser e ajudar. E tem lição todo dia! A vontade é de me rasgar em pedacinhos. Trocava fácil a tarefa de casa por mais 2 horinhas dessa criança na escola. Eu aqui trabalhando, ela lá estudando e quando a gente se encontrasse seria só amor. Um sonho! A gente senta pra fazer a lição e tá lá o número 59, uma lacuna, e o número 61, ela precisa anotar o número que fica entre os dois, mas resolve dizer números aleatórios: 82, 33, …e a paz de espírito começa a me abandonar. Eu grito: bingo! Ela me olha sem entender e digo: Achei que a gente tava brincando de bingo. Ela arruma sua melhor cara de saco cheio e escreve o 60...

Mãe é cringe

  Você não será velha até ter um rebento adolescente. Se você é dessas que resolveu entrar na viagem doida de por gente no mundo, é inevitável se tornar idosa. Uma dinda, uma tia que tenha a mesma idade que você não será velha, mas você será. E não importa se você teve filho aos 20 ou aos 40, o que importa é que você é mãe e mãe é cringe. Nesse momento cabe escolher como lidar com a situação. Você pode aceitar, se manter discreta e criar um potencial abismo intransponível entre vocês. Há a opção de negar e fazer de conta que vocês são besties, o que pode te colocar em um lugar meio ridículo. Ou dá pra se rebelar e deixar implicitamente claro: Pode me achar velha, ridícula e cringe, mas eu vou te amar, quero aprender a ver o mundo contigo, vou te olhar de perto, esticando esse cordão umbilical aos pouquinhos, porque cortá-lo jamais irei, no máximo vou colocando extensões pra te ver de longe! Eu me sinto mais confortável sendo a velha rebelde. Como me cerco de aliadas muito fié...

Já é fim do ano

  Oito da manhã há uma semana de acabar julho, recebo uma mensagem de trabalho me cobrando o status de um projeto. Enrolo pra ler, apesar de ter visto a notificação, porque oito horas é o momento de tomar banho pós atividade física, café preto pós banho, deixar o gato atacar meus pés e fazer a conexão da alma proletária com o universo. Quando finalmente leio vejo que o camarada começa assim: -        Veja bem, já é praticamente o final do ano…. Por sorte já tinha tomado café, senão talvez tivesse engasgado. Fui até olhar o calendário. Será que eu tinha me atrapalhado? Sei lá, sido acometida por uma insanidade temporal e não tinha me dado conta que o ano todo já tinha passado? Mas tava lá dia 23 de julho de 2024. Dia certo, frio como os invernos tendem a ser, ano certo, a única coisa estranha era mesmo a vinda a jato do fim do ano, pronta pra passar por cima de mim em uma mensagem de whatsapp. Quando recuperei a sanidade questionada, quase respond...

Momento Olímpica

  Não há nada que me torne mais atlética teórica que olimpíadas. Não entendo nada de esporte nenhum, até começarem os jogos. Nesse curto período, a cada 4 anos, me torno especialista. Parece que um software esportista baixa no meu cérebro. É como se uma entidade atlética aposentada, tipo um comentarista, se apossasse do meu corpo. Sei tudo de todos, com exceção de tênis, esse só Guga Kuerten me fez torcer um pouco, ainda sem entender nadar. Depois que passam os jogos, meu cérebro desolimpíca, volto a só saber que nada sei. Minha adoração cotidiana por esporte se resume a considerá-lo como remédio de uso contínuo. Faço porque compreendo a necessidade para a saúde física e mental. Odeio praticar coisas em equipe ou que precisem de um adversário. Não gosto de depender dos outros. Já cumpro com maestria o papel de auto adversária, não preciso da ajuda de ninguém nesse quesito. Por mais que eu não acompanhe habitualmente nenhuma modalidade, Olimpíadas tem algo diferente que me faz f...