Que lógica há?
A despeito do aquecimento global, batem os primeiros ventos outonais. Com esforço dá pra sentir um fresquinho de manhã cedo. Nada que nos remeta há quatro décadas atrás, quando fumar era charmoso, cortar árvore era solução, linha telefônica era luxo e um item essencial ao vestuário de toda a criança nascida na região sul do país era o passa-montanha. Um gorro que tapava cabeça e pescoço, deixando de fora só o rosto com as bochechas e o nariz assados pelo frio e pelo papel higiênico lixa que fazia a colheita de ranho de abril à outubro. Eu sou entusiasta do frio! Consciente de que vivo em um país com um abismo social, reconheço meu egoísmo e desenvolvo sentimentos dúbios em relação a essa minha predileção. Sentada na poltrona de todos os meus privilégios me encanta o vinho, a lareira, não suar feito uma porca prenha. A moda no frio me fascina, ainda mais no home office que ninguém vê minhas havaianas com meia. Adoro casacos, gorros, lenços, mantas. Acho lindo o clássico. A roupa vai...