Better Things

 

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Essa foi a mensagem que recebi já tarde da noite de uma amiga, que me conhece melhor que eu mesma, indicando uma série. Aproveitei o horário, aquele em que eu tenho quase plenos poderes sobre o controle remoto e não sei o que fazer com ele, dei play na dica.

A música de abertura dava indícios que uma nova série favorita habitaria meu coração. “Mother” do John Lennon é um convite para algo ganhar minha predileção. Assistindo aos primeiros episódios me encantei com a história de Sam Fox, uma atriz e mãe solo, que cria três filhas, alguns animais de estimação e também ajuda sua mãe que mora na casa em frente a sua. Para além da música de abertura, a trilha sonora como um todo é ótima.

Me identifiquei com a relação de Sam e sua filha pré-adolescente, cheia de questionamentos e comportamento desafiador. Compreendi aquela mulher que se apega a fofura, que logo passará, da filha mais moça como elemento energizador para enfrentar o mundo. Me vi na mãe que chega do supermercado cheia de sacolas e é silenciosamente ignorada pelas filhas quando pede ajuda. Ri com a relação que ela tem com a mãe, onde elas vivem uma fase em que os papéis se invertem um pouco, mas aquela senhora, com seus oitenta e poucos anos, por vezes se rebela, por vezes reconhece que precisa da ajuda. Também me reconheci na mulher que cozinha com prazer para um batalhão de gente, que cansa, porque todo mundo cansa, mas que gosta do movimento que a casa assume com o entrar e sair de gente. Me alegrei com os encontros das amigas, com as conversar, com os baseados fumados, com os drinques tomados. Me senti acolhida por aquela mãe que lida com chilique de adolescente, birra de criança, afazeres domésticos, tarefas escolares, cuidados com pessoas de todas as idades e pets doentes. Tudo isso me encantou e assim rapidinho, pegando furtivamente o controle remoto quando ninguém percebia e o requisitava, cheguei na quinta temporada da minha série queridinha do momento.

Mas além de todos esses motivos que eu mencionei, tinha mais alguma coisa que me cativava muito nesse roteiro e eu não sabia o que era. Esses dias indicando a série para outra amiga me dei conta. É a fronte de Pamela Adlon, atriz que faz a Sam Fox. Era isso! A sinuosidade da epiderme, a dança da pele davam aquela mulher muito mais veracidade do que um diálogo bem escrito, do que um roteiro bem construído. O sulco da testa é elemento essencial para trazer realismo aquela personagem, aquela história. É adorável ver como a testa dela se meche quando ela sorri, quando ela chora, quando ela fica braba, quando ela se expressa, e não parece estática como a face de um sabonete. Veja bem, ela tem linhas de expressão e está na TV! Quando ela franze o rosto, riscos se desenham assim como acontece com um ser humano comum que não entrou para a religião do preenchimento, que não foi pega pela palavra da toxina botulínica, ainda que em alguns momentos se olhe no espelho e se pergunte: nossa de onde saíram essas rugas nessa cutes tão jovial? Talvez, seja justamente isso que mais me encanta na série, o gingado da face da Pamela Adlon.

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