Mensagem emocionante

 

Domingo passado quando acordei meu celular já estava recheado de mensagens de outras mães que gostam de homenagear a classe. Mensagens de amor, de feliz dia das mães com florzinha, muitos coraçõezinhos, chamando de guerreira, mensagem divina, gente cantando as ternuras e agruras da maternidade, gente feliz. Tinha tanta coisa que resolvi dar uma ignorada básica no whatsapp.

Há poucos dias tínhamos aberto oficialmente a temporada de ranho e febre aqui em casa, eu estava meio tresnoitada mantendo os olhos abertos graças as doses cavalares de cafeína consumidas. Depois da primeira noite mal dormida, quando eu compreendi que seriam duas crianças doentes, comecei quase a ingerir um cafezinho pra cada gota de dipirona que eu pingava, quando o domingo do dia das mães bateu a minha porta eu me sentia plenamente mãe.

Minhas rebentas ranhentas estavam ávidas para me homenagear. Queriam me dar meus presentes, os cartões manufaturados que até hoje me causam dúvidas se aquilo meio brilhoso era cola com glitter furtacor ou coriza. Nessa confusão, nessa exaustão deixei o celular de lado sem dó, nem piedade e me rodeie de bolinha de papel higiênico com meleca e amor.

O dia foi passando, ganhei almoço, salada, vinho e sobremesa. Ganhei até o direito a uma dormidinha de tarde. Um luxo sem tamanho! O celular foi ficando de lado e sendo esquecido. Só uma fotinho ou outra pra postar nos stories, afinal é 2023 e se não há foto desconfia-se que não há vida, uma ligação de quem não tá perto fisicamente, mas está sempre presente em pensamento. Não lavei nem uma loucinha e quando o sol já se punha, na fatídica hora dos banhos, quando a febre das pequenas pessoas começava a dar as caras novamente e nos medicávamos (uns com dipirona e paracetamol e outros com cafeína), começamos o processo de nos deitar abafadinhas. Peguei meu celular com atenção e fui ver às várias mensagens que tinham ficado pra trás. Muita coisa era mais do mesmo, o que não deixa de ser tocante pensar que alguém lembrou que você é mãe e mandou uma figurinha fofa. Foi nessa hora que me deparei com a mensagem mais emocionante do dia, fora os cartões das minhas filhas, é claro.

Quando abri a figurinha, meus olhos chegaram a ficar marejados (ok, talvez isso tenha sido porque me dei conta que teria mais uma noite mal dormida devido as crianças pesteadas), mas me emocionei. A mensagem era muito tocante. Tratava-se de um card promocional de um pequeno supermercado que tem perto da minha casa. Dizia essas lindas e singelas palavras: bandeja com vinte ovos por R$14,99, Chopp 1,5 litros R$10,99. Não esclarecia se tinha limite de bandeja de ovos por cliente, mas não fosse a febre das crianças, ou se eu tivesse sido mais atenta ao celular teria prestigiado o comércio local que homenageava lindamente aquelas que fazem ginástica com o orçamento, sabem quanto custa uma bandeja de ovos e a praticidade que é um ovo mexido, um arroz com ovo, um ovo cozido, um ovo frito, uma massinha com ovo. Confesso que antes de ter filhos eu até gostava de ovo, mas eu nunca tinha pensado que ele seria um aliado tão grande a minha falta de criatividade culinária. Ovo por si só é criativo. Uma mãe com ovo e chopp em casa não quer guerra com ninguém.

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