Sério?????

 

Eu juro que eu não queria falar de política e o bom é que não preciso porque moro no Brasil. Por aqui tenho a oportunidade única de falar sobre decoro e termos chulos em um momento que devíamos estar discutindo sobre políticas públicas para redução de desigualdades, geração de emprego e inflação. Há um mês das eleições presidenciais, podemos esquecer de cinquenta e um imóveis comprados com dinheiro vivo, olhando atônitos para brasileiros gritando imbrochável em coro puxado por quem deveria ter o mínimo de decoro devido a posição para qual foi eleito. Acho bem possível que ele não saiba a diferença entre decoro, de ter decoro, o ato de decorar uma casa, ou decorar algumas palavras.

I-M-B-R-O-C-H-Á-V-E-L. Imbrochável? Sério? Nem os piores programas de humor nacional conseguiram ser tão chulos, quanto o despresidente da nação. Nem o corretor do word aceita a palavra. Quem exatamente ele representa?

Essa parece ser mais uma lufada de gelo seco para disfarçar a pilhagem deslavada que ele e seus rebentos têm provocado à nação. Uma nação sofrida, faminta, desempregada. O discurso em que fomos mais uma vez envergonhados internacionalmente, em que jornalistas estrangeiros ficaram em maus lençóis tentando traduzir absurdos veio na sequência de duas semanas de intensas agressões verbais a mulheres que ousaram enfrentá-lo.

Agressões misóginas, apelativas, que revelam a incapacidade intelectual de quem as profere em manter um diálogo. O discurso, as agressões ilustram com perfeição a célebre frase de Simone Bouvoir: “Ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso do que o homem que duvida de sua virilidade”. Ter que pedir um coro que defenda sua capacidade de ter uma ereção só demonstra o quanto isso deve ser difícil, mas por mais difícil que seja deveria ser assunto íntimo dele e de sua companheira.

Já era pra ter me acostumado, mas ainda me choca a quantidade de gente, de brasileiros e brasileiras, que aplaudem o show de mau gosto e fazem coro para um p@u, que nem é o seu, subir. Me choca porque parece que vivemos em realidades paralelas, embora estejamos aqui todos misturados. Empobrecidos, vendo gente passar fome, vendo os preços subirem enquanto o senhor do p@u mole está lá, pedindo torcida para a sua virilidade, saqueando o país e falando os maiores absurdos para que seus reais crimes passem despercebidos. Se fosse uma pessoa minimamente capacitada, não trazia as intimidades do lar para discussão pública, largava o tacape e mantinha diálogos com um pouquinho de lógica.

Mas isso tudo há de passar, não é possível. Haja aula de história e educação sexual para explicar o que o Brasil está atravessando nesse momento. Não é um trabalho fácil!


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