Volta às aulas

 

As aulas estão voltando e este é um grande desafio para crianças e pais que viveram a pandemia, sim porque sabemos que para alguns o covid nunca existiu, ou foi só uma gripezinha. (Pausa dramática para náuseas de desprezo). Durante todo esse período a educação e o papel da escola esteve muito em debate. Fazendo o retorno das minhas filhas nos últimos dias ainda há um tanto de coisas que me deixam desconfortável, embora eu considere que é o melhor a fazer nesse momento.

Um fato que desde o início do debate “suspende aula, volta aula” tem me incomodado é a questão da educação privada. Parece que com a pandemia ficou muito claro que isso é um modelo de negócio, onde crianças são cifrões ao final de um mês. Criança jamais deveria ser número, deveria ser indivíduo, mas para a educação privada eles são o quê acima de tudo paga as contas. Alguém pode me dizer, mas isso é óbvio. Concordo, mas até a crise sanitária pela qual passamos, talvez, não fosse assim tão escrachadamente assumido e isso é desagradável, inclusive para o retorno.

Quando fui procurar escolinha de educação infantil para minha filha mais moça, das várias que eu visitei no bairro onde moro, apenas uma seguia os protocolos de saúde indicados pela secretaria da saúde. Minha filha tem quatro anos e meio, usa máscara melhor que muito adulto e quando perguntávamos sobre o uso do EPI, tínhamos duas modalidades de resposta. Primeira: “A OMS não indica máscara para crianças com menos de 7 anos” (o que não é verdade e há uma portaria da prefeitura que exige o uso de máscaras para crianças a partir dos 3 anos em locais fechados). Segunda: “Deixamos o uso da máscara a critério da criança.” Como assim? Comer, usar roupa, também fica a critério de uma criança de 4 anos? As mil visitas que fizemos deixa claro, que as instituições não querem assumir o que é determinado judicialmente para conter a pandemia com medo de se incomodar com seus clientes, os pais. Ainda que para isso arrisquem a saúde de outras crianças e as suas próprias. Depois da incansável busca optamos pela escolinha que segue protocolos de saúde, mas isso obviamente não é barato e nem todo mundo que não conseguiu uma vaga na rede municipal vai ter como pagar e consequentemente estará obrigado a correr um certo risco que poderia ser minimizado, caso a verdadeira missão das instituições fosse educar e não necessariamente agradar consumidor.

Outro ponto bastante delicado nesse retorno é a vacinação. Crianças maiores, como é o caso da minha filha mais velha, já podem se vacinar, mas os pais querem vaciná-las? Aí duas questões me pipocam na cabeça. Muitos dos pais que não querem vacinar as crianças, se vacinaram e nisso não há a menor lógica é como colocar o casaco em si quando sente frio e deixar a criança sem, congelando, um ato bastante covarde. Outro ponto: muita gente que bradou por volta às aulas no auge da pandemia, quando não havia vacinas, e aqui incluo as instituições privadas de ensino, alegou que as crianças estavam sendo privadas de um direito básico estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: À educação. No entanto, agora os pais que não vacinam seus filhos e as instituições de ensino que não averíguam se essas crianças estão vacinadas, infringem um outro direito dessas mesmas crianças estabelecido também pelo ECA: O direito à vacinação.

E assim retornam às aulas por aqui, tentando buscar a maior segurança para nós. Tentando criar gente legal em meio a tanta gente bost@, fruto de um sistema de merd@. Bom ano letivo para todo mundo, o difícil não é matar um leão por dia, mas sim desviar das antas!

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