Gafes digitais

 

Esses últimos quase dois anos me fizeram descobrir que caso a humanidade passe por um ataque zumbi eu, com um potão de vitamina D e um bom sinal de wi-fi, sou plenamente capaz de viver em um bunker pelo tempo que for necessário. Desde que leve para o abrigo subterrâneo meus amores mais amados. Não sabia, nem imaginava, mas sou uma pessoa resignada em situações que fogem completamente do meu controle e a única solução é esperar o problema passar.

Em caso de um ataque zumbi o sinal de wi-fi seria essencial, pois posso fazer praticamente tudo pela Internet: Compras de qualquer espécie, movimentações bancárias das mais simples às mais complexas, consultas médicas. Quase tudo se resolve com um bom sinal de wi fi.

Durante a pandemia super me adaptei a não falar com pessoas e sim digitar. Confesso que até prefiro resolver o que for necessário por chat. Se tiver a opção de teclar com o fornecedor ou prestador de serviço vou escolher essa forma de contato. Sei lá, acho mais prático e fica ali registrado. Claro, que requer mais atenção já que a pessoa que recebe a mensagem, lê e não te ouve explicando o que se passa. Essa vida de chats já me rendeu algumas situações um pouco engraçadas, talvez constrangedoras e devem ter ocorrido outras que eu nem percebi.

Uma vez fui perguntar o status do meu pedido em uma loja e ao digitar engoli o primeiro “d”, consequentemente escrevi para o atendente: Boa tarde, gostaria de saber o status do meu peido? O pior é que por ser um chat no site da empresa não dava nem para apagar! A pessoa demorou um pouco para me responder, talvez porque estivesse tentando descobrir em que pé estava o tal pedido, mas na minha cabeça eu visualizo uma sala de telemarketing lotada de pessoas com aqueles fones headset tendo uma ataque de riso e comentando: “Olha mais uma perguntando do peido!” Penso no “mais uma” porque muita gente já deve ter engolido o “d” do pedido e cometido a flatulenta gafe.

Esses dias o erro não foi de digitação, mas sim o maldito corretor ortográfico que me deixou em maus lençóis. Deixei uma bicicleta Caloi para arrumar na oficina que tem perto de casa. Na manhã seguinte, eles ainda não tinham me mandado o orçamento e eu mandei uma mensagem que deveria ter sido: “Bom dia! Vocês já tem o orçamento da Caloi?” O corretor não reconheceu Caloi e achou por bem corrigir para calcinha. Ou seja, eu mandei perguntar para a oficina de bicicletas se já tinha o orçamento da calcinha. Por sorte, depois que enviei vi que estava escrito calcinha e apaguei a mensagem, mas há chances dela ter sido lida, porque alguém estava online no whatsapp da oficina. É impossível não imaginar o pessoal que trabalha lá rindo, afinal se eu lesse eu riria. Eu ri. Eu chorei de rir.

Quando fui buscar a bicicleta, eu disse: “Vim buscar a bicicleta.” Um dos guris que trabalha na loja me perguntou: “Qual era a bicicleta mesmo?” Quase respondi: “A do orçamento da calcinha.” Mas me contive e falei: “A Caloi branca aro 24”. Definitivamente eu não teria maturidade para ser atendente online de chats e afins.

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