Habemus vacina!

Habemus vacina! Há luz no fim do túnel e tudo indica que não é um trem vindo em nossa direção. Este está descarrilado em Brasília no Planalto e apesar dele ainda temos um pouco de esperança.

A aprovação da vacina foi um espetáculo. Os diretores e diretoras da Anvisa, que tinham nossas vidas nas mãos, só faltavam mandar um beijo para minha mãe, para meu pai e para você. Não fiquei sabendo de outros países que fizeram da aprovação um show. Deu até uma vergonhazinha de assistir, mas entre tantos vexames que temos passado esse foi positivo.

Vacina aprovada, Mônica a primeira vacinada! Que felicidade Mônica! Há um plano de vacinação. Que não é bem um plano, mas pelo menos os grupos de maior risco e exposição ao vírus, talvez sejam vacinados em breve.

Eu por exemplo nem faço parte do plano. Não fui convidada para a festa, mas estou super feliz, porque minha mãe que tem mais de 75 anos vai ser imunizada em uma das primeiras levas e meu marido que é asmático deve receber suas doses lá por abril. Dá um alívio saber que ao menos eles que tinham chances maiores de ter problemas mais graves estarão logo, logo um pouco mais a salvo.

Me preocupo ainda com as minhas filhas, apesar de saber que elas têm menos risco, ainda sim tem. Não estão totalmente seguras. Já vivi situações com as duas que envolviam problemas de saúde mais complexos que precisaram de hospitalização e confesso, não é nem um pouco agradável. Não ter a vacina para elas dá uma sensação de c* na mão, mas vamos lá, chegará o momento em que elas poderão ser imunizadas e a mãe vai finalmente respirar aliviada.

Junto com a vacina vieram muitas informações, várias falsas e outras tantas verdadeiras e de suma importância. Das falsas acho que o mais importante é lembrar que quem é negacionista, mas é hipocondríaco e pretende tomar a vacina tem que ter em mente qual vai tomar. A coronavac é a que implantam um chip para controlar sua mente e a de oxford é a que transforma a pessoa em jacaré. Outra informação importante no terreno do achismo e fantasia é que ao invés de tomar cloroquina, ivermectina, tem uma alternativa natural, sem contra indicações, que é comer chuchu em todas as refeições. Diz que dá o mesmo efeito em termos de tratamento precoce.

Das informações verdadeiras achei interessante uma que minha tia me deu. É preciso tomar as duas doses da mesma vacina. Eu achava que isso era óbvio, mas pelo que ela me disse não é, tanto que ela nem tinha pensado sobre isso. A outra que considerei de suma relevância é que mesmo tendo os primeiros imunizados é necessário manter as medidas de segurança: higienização constante das mãos, uso de máscara de proteção e distanciamento social até a pandemia ter sido controlada.

Essa última me tocou muito. Eu confesso que me deu até um certo alívio. Não estou pronta para voltar completamente ao normal só porque a Mônica está imunizada ou minha mãe ou meu marido. Preciso de um tempo de adaptação, tipo escolinha infantil. Imagina estar livre para sair abraçando todo mundo? Não sou uma pessoa muito tátil, nem gosto tanto de abraçar. Claro, que há pessoas que eu quero abraçar, mas e se pessoas que eu nem queria abraçar antes da pandemia começam a querer abraçar quem aparecer pela frente? Não, definitivamente não estou preparada para isso.

Outra coisa: até agora indicavam que não era para frequentar espaços fechados como academias. Eu estava me sentindo super colaborando com o mundo não indo a esses lugares, mas se começam a dizer que podemos frequentar espaços fechados lotados de gente? Vou me sentir mal de novo com a obrigação de ir à academia.

Mais um ponto importante: Como eu viverei sem vídeo chamadas? Com frases completas! Sem ninguém travar! Vou sentir saudades de ficar no vácuo e ouvir:

            - Eu te…….

            - Você ganhou……. 

            - O que tu acha? ( e nunca mais receber uma resposta).

E o pior, imagina quando voltarem as aulas? Como vou trabalhar sem ter que parar no meio para limpar uma bunda, apartar uma briga. Acho que minha linha de raciocínio nem funciona mais sem essas interrupções.