Criança vem com sensor de movimento

 

Quando eu estava grávida da minha primeira filha uma amiga que pretendia ter o segundo filho me disse:

- Não sei como as pessoas fazem o segundo filho.

Eu, inocentemente, perguntei:

- Por que? É muito caro?

Ela me olhou com uma cara de quem me achava uma iludida e respondeu:

-Não, porque sempre que a gente tá tendo um momento mais íntimo tem um choro, um “mãnheeeee!”, ou algo do gênero.

Achei que era exagero. Pensei que ela e o marido passavam por uma fase meio estranha, afinal quem não passa e ainda por cima estavam culpando aquele anjinho que o filho dela era. Aquela carinha tão linda não devia ser tão intrometida. Aqueles risinhos de bebê, aquela bunda de fralda, aquelas coxinhas. Não, definitivamente, ele não era um enxerido.

Tive minha primeira filha e cheguei a conclusão que quando as crianças nascem, instalam nelas um chip com sensor de movimento dos pais. Cada vez que os pais estão a menos de 35 cm de distância um do outro o sensor avisa e elas automaticamente choram, chamam, brigam, acordam, vomitam, ficam com febre, são muitas as artimanhas que elas usam.

Faça o teste você mesmo. Aproxime-se de seu parceiro, quando chegar a 35 cm dele ou dela a criança soa, afaste-se e perceba que o alarme para. Não falha!

Muitas vezes o alarme não é alto, é discreto, são como passinhos vindo em direção ao cômodo em que o casal está. Aqueles passinhos pequeninhos no corredor parecem com a música do filme “Tubarão” momentos antes do ataque. Todos os pais que prezam pela sua intimidade precisam de um piso que faça barulho (e uma cama que não faça). Quando alguém caminha ele é que avisa: vistam suas roupas íntimas em menos de 10 segundos porque a diversão acabou! E é aquela corrida contra o tempo: veste roupa, pega um livro qualquer para fingir que estava lendo e vê se está tudo mais ou menos organizado para não levantar suspeitas. Às vezes rola um vacilo e você ainda ouve algo como:

- Por que vocês estão com os lugares trocados na cama?

As pessoas que gostam de viver perigosamente partem para o segundo filho e a partir daí eles invadem em cardumes de mini-tubarõezinhos. A vantagem é que são mais passinhos vindo, fazem mais barulho.

O conceito de coito interrompido só pode ter sido criado por um casal com filhos!
Quem achava que transar na adolescência escondido dos pais era uma adrenalina só, não sabe o que é transar escondido dos filhos. Porque pensa, se te pegam transando o tanto que você vai gastar em terapia? Afinal uma coisa que todo mundo sabe é que os pais da gente não transam, muito menos entre si.

Quando o risco era os pais pegarem você transando, talvez viesse uma bronca, uma moral, mas quem pagaria pela terapia seriam eles, seja a sua ou a deles. Agora problema é muito mais complexo.

Há quem julgue a vida de pais como monótonas, rotineiras, sem fortes emoções. A liberação de adrenalina, endorfina e todas as inas é tão grande que dá para classificá-los como atletas de esportes radicais.

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