Quando o sono bate

 

Ganhei de aniversário uma mi band (aqueles reloginhos que medem tudo: passos, calorias, distância percorrida, frequência cardíaca). Amei! Tenho relógio o que eu adoro, não gosto de olhar as horas no celular. Humilho todo mundo aqui em casa com os vários mil passos que dou, sem contar a quilometragem é claro. Isso tudo só olhando para o pulso e liberando minhas informações para o mundo.

Uma coisa muito louca que a mi band me fez mensurar foi o tão pouco que durmo. É melhor nem falar em números, para não assustar. Sono profundo, então, é bem mais escasso do que profundo. Deve fazer uns 8 anos e meio (idade da minha filha mais velha) que eu não sei o que é dormir uma noite inteira. Para a gente ver como o amor de mãe é uma coisa bem doida. Não bastava uma sem me deixar dormir direito e eu quis ter outra. Elas me expoem a privação de sono há mais de 8 anos e eu ainda assim as amo incondicionalmente.

O pior (ou melhor, não sei bem) é que eu sempre adorei dormir e durmo com facilidade em qualquer lugar. Durmo sentada. Durmo no cinema, independente do filme ser lento, violento, engraçado, gênero e estética não são problemas. Já dormi de pé em boate. Viajar comigo é uma maravilha liga o motor do que for (avião, carro, ônibus, barco...) e eu automaticamente durmo independente do horário, não precisa nem sair do lugar. Claro que não durmo dirigindo, mas sou a pior companhia para um motorista, piloto ou marinheiro.

Hoje em dia os momentos de sono são poucos, às vezes sou vencida por ele e dá aquela vontade de tirar uma sestinha no final de semana, mas alguém acredita na lenda que as crianças fazem soninho da tarde? Nessas ocasiões desenvolvi uma técnica: me disfarço de sofá. Coloco uma roupa escura para não destoar do estofado. Me deito no sofá. No pobre sofá, que é um dos seres que mais sofreu com essa pandemia. Sem dúvida quando as aulas voltarem ele vai precisar ser estofado. Já fiz uma anotação mental, vou pedir para o estofador fazer um macacão com capuz no mesmo tecido do sofá para eu me camuflar melhor.

Enquanto isso não acontece me deito no sofá sofrido (com a roupa que não destoe da cor dele, nada de cores ou estampas chamativas) na frente da televisão que passa algum desenho já visto umas 500 vezes e fico ali quase sem respirar. É um soninho bem bom, super tranquilo! Minhas filhas passam por cima. Me cutucam. Em alguns momentos alguém abre um dos meus olhos e ouço ao longe “mamãe tu tá dormindo?”. Passada uma meia hora a paz começa a terminar. Elas invariavelmente brigam e eu de olho fechado só repito "Não bate na tua irmã". Então, subitamente desperto por completo no meio de um ringue de luta livre com as duas engalfinhadas. Rola chute, tapa, puxão de cabelo. Pronto! Tirei minha sonequinha revigorante do final de semana.

Ai que saudade de uma aglomeração infantil para movimentar o final de semana, para poder fazer ameaças vazias: se vocês não me deixarem dormir 30 minutos não vamos a tal lugar! Se bater na tua irmã não tem festinha da fulana. Se vocês continuarem assim ninguém vai na pracinha. Ai que saudade!



Comentários

  1. amada.... Logo teremos os tempos... e os sonos... um pouco mais seguros!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Tenho que agradecer a Isabel Locatelli por ter me enviado os teus escritos, estou aqui me "divertindo"... Fico imaginando tuas filhas com 15, 16 anos lendo tudo isso, vai ser muito bom pra elas... Meus filhos são adultos, a filha me manda uma "bolsa verdura" toda semana e o filho se preocupa que eu vá no S. Mercado e me ajuda a fazer minhas constantes mudanças de endereço disponibilizando seus amigos pra carregar caixas e móveis, resolve as minhas dificuldades com o bank fone e outras modernidades meio difíceis de entender mas que ajudam no meio dessa pandemia. Muchas Gracias !!!!!!!

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    1. Obrigada, João! E obrigada Bel! Me segue por aqui, ou pelo face ou pelo insta. Toda sexta tem post novo. Bj

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