Bom Dia Sociedade Machista

  A pandemia deu origem a uma epidemia de cursos online . Tem curso de tudo para todos os gostos. Eu mesma já fiz três. Dois eu conclui. Ganhei até certificado pra provar que não passei a quarentena no ócio, entre delírios de vou sobreviver, vou morrer ou vai morrer alguém que amo. Nos certificados deveria vir escrito: certifico que fulana/o conseguiu concluir um curso no meio de uma pandemia histórica. Daí daqui uns 40 anos eu velhinha com voz trêmula poderia me vangloriar para os meus netos “Não só passei pela pandemia, como fiz dois cursos” e teria como provar. O terceiro curso que me inscrevi achei chato pra caramba e larguei no meio. Sei de gente que está com a agenda cheia. Quase não tem tempo pra assistir live de tanto curso que resolveu fazer. E também tem aqueles que viraram reféns dos cursos dos amigos. Tem uma conhecida, coitada, que está nessa situação. Incentivou três amigas que precisavam de uma alternativa de renda a ministrarem cursos online e ficou presa nos curs

  Vou contar uma coisa. Não tenho religião. Nunca tive. Cresci em uma família sem religião. Nunca me fez falta. Não sei sequer rezar. Não acredito em nada extraterreno. Religião para mim funciona como obra de ficção que não me interessa. Tenho fé em pessoas (às vezes perco a fé nelas), em afetos, em conhecimento, em querer bem. Fui batizada quando já era uma adolescente bem grandinha para poder batizar uma afilhada e porque minha madrinha, um tanto carola, ficava apreensiva com uma afilhada pagã. Fui batizada na igreja anglicana, a católica exigia cursinho e eu não estava disposta a passar por isso. Fui lá e em menos de 10 minutos estávamos batizadas, eu e a afilhada. Nada mudou na minha vida. Continuei a mesma descrente de sempre. O interessante disso é que na maioria das vezes que alguém me pergunta qual a minha religião e eu respondo que não tenho, sendo o interlocutor um pouco mais religioso, independente de qual seja a religião, surge uma cara de quem encontrou com uma pobre coi

  Ninguém tem comentado, mas uma grande prejudicada nessa pandemia é a Home. A coitada da Home está sobrecarregada. Da noite para o dia foi reinventada virou Home Office, Home Schooling, Home Gym, Home Restaurant, Home Pub, Home Playground. Ela não estava preparada para isso também. Há quem tenha em um espaço pequeno escorregador, computador, balanço, vinho, escrivaninha, mesa de jantar, cadeirinha de alimentação, barraca infantil, bicicleta, esteira, altere, livro, gato, cachorro. Sem contar os habitantes da casa, é claro. Como a Home não estava preparada para isso há chances de que algumas funcionalidades boas, como o Home Office, fiquem mal vistas. O Home Office em seu estado ideal pode ser uma boa ideia. Menos tempo no trânsito, menos poluição, mais flexibilidade no horário de trabalho, otimização do tempo, mas repito isso em um cenário ideal. No atual contexto podíamos chamar em vez de Home Office de Pandemia Office. O Pandemia Office, não é Home Office, ele é improvisado, e

  Tem dias que eu queria acordar com a paciência da mamãe pig, mas não acordo. Tem dias que eu acordo que nem o Sid da Era do Gelo, gritando “Vamos viver, vamos viver!”, logo depois ouço um trincar de gelo e passo a gritar “Vamos morrer, vamos morrer!”. Às vezes parece que a patrulha canina ecoa na minha cabeça. Não parece, ela ecoa mesmo. Tem dias nesse caos que é assim, o melhor é ficar absorvida pela televisão, parada sem nem prestar atenção, tipo chiclete de olho. A gente fica ali olhando, com um vácuo dentro da cabeça. Pode passar a patrulha canina, minions, frozen em looping (sim, ter domínio sobre o controle remoto seria pedir muito) que não tem problema é só ficar sentada na caixa do nada. Quando acordar assim , permita-se (falo pra tentar me convencer). Se não é uma constante , permita-se. Permita-se não arrumar nada, não fazer nada, não se esmerar em alimentação mega saudável para os filhos, não fazer atividades educativas e criativas com as crianças. Uma dica important